Em mais uma reunião para mostrar apoio à Ucrânia enquanto os Estados Unidos de Donald Trump se aproximam da Rússia na visão sobre a guerra iniciada há três anos, líderes ocidentais concordaram em divergir novamente sobre como ajudar Kiev, durante reunião em Paris, nessa quinta-feira (27). Foi o terceiro encontro do tipo liderado pela França e pelo Reino Unido, que somaram outros 29 países ao que chamam de “coalizão dos dispostos”, no caso, a continuar o apoio ocidental a Volodimir Zelenski, que estava presente.
Os EUA não estavam presentes. Nas outras reuniões, os líderes não se acertaram no fornecimento do equivalente a R$ 31 bilhões (no câmbio de ontem) em artilharia e outros auxílios aos ucranianos. A discórdia foi sobre uma força de paz para garantir a segurança de Kiev no caso de haver cessar-fogo com Moscou.
Agora chamada de “força de resseguro” pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o contingente internacional seria baseado em cidades estratégicas da Ucrânia, evitando a linha de frente de um conflito congelado enquanto um acordo de paz não sai. “Não foi unânime hoje, como todos sabemos, mas nós não precisamos de unanimidade”, disse Macron ao lado de Zelenski, sugerindo que Paris e Londres seguirão com a montagem do plano sem o apoio de atores europeus importantes, como Itália e Polônia, e com a oposição aberta da Hungria.
Mesmo países próximos de Kiev, como a República Tcheca, expressaram dúvidas. “O debate sobre o envio de tropas é prematuro. A ideia ainda é que, se vamos debater algo assim na Europa, precisamos ter alguma salvaguarda dos EUA”, disse o premiê Petr Fiala.
No ano passado, Macron ventilou a ideia de enviar forças francesas para apoiar os ucranianos. A resposta de Vladimir Putin foi a ameaça de um conflito nuclear, baseado no fato de que na prática qualquer embate entre membros da aliança militar ocidental (Otan) e a Rússia levaria, por obrigações de tratado, os outros sócios da aliança a entrar no jogo.
Na prática, isso arriscaria a Terceira Guerra Mundial, provavelmente com uma escalada nuclear. São detentores da bomba Rússia e Coreia do Norte, que tem acordo de assistência mútua com Moscou, de um lado. Do outro, estão EUA, França e Reino Unido.
A princípio, apesar da guinada pró-Kremlin que disparou rodadas de negociações que não ocorriam desde o começo da guerra, Trump aprova a ideia, desde que não envolva forças americanas. O republicano conversou com Macron antes da cúpula de Paris.
Na prática, contudo, é incerto como o plano irá em frente, não menos porque Trump tem sido bastante aberto às pressões vindas do Kremlin enquanto busca o título de pacificador do conflito. O americano até se mostrou simpático quando o Kremlin disse aderir a um cessar-fogo nas atividades militares do mar Negro, desde que fossem suspensas sanções a instituições russas que financiam a exportação de fertilizantes, que escoavam pela região e tiveram de achar caminhos alternativos mais caros com a guerra.
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