BC reduz projeção do PIB e alerta para incertezas econômicas

O Banco Central revisou para baixo sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para este ano, estimando agora uma expansão de 1,9%. A previsão anterior, divulgada em dezembro, apontava um avanço de 2,1%. A nova projeção foi apresentada no relatório de política monetária divulgado nesta quinta-feira (27/03), substituindo o antigo relatório trimestral de inflação.
Segundo a autoridade monetária, a mudança reflete o desempenho abaixo do esperado da indústria e dos serviços no quarto trimestre de 2024, além de uma desaceleração econômica mais intensa ao longo de 2025. Por outro lado, o setor agropecuário permanece como ponto positivo, impulsionado por uma forte alta nas expectativas de produção.

De acordo com o relatório, o crescimento econômico deverá se concentrar no primeiro trimestre deste ano, puxado pelo aumento do salário mínimo, a liberação de recursos do FGTS e o robusto desempenho da agropecuária. Contudo, o Banco Central alerta para a necessidade de cautela ao interpretar sinais de aquecimento econômico, considerando que a estabilidade deve prevalecer nos trimestres seguintes.
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, destacou que os sinais de moderação da economia estão em linha com o cenário-base da instituição, apontando para um contexto de juros altos e menor impulso fiscal. A recente elevação da taxa Selic para 14,25% ao ano reflete o esforço do Comitê de Política Monetária (Copom) para controlar a inflação, que, segundo as previsões do BC, deverá seguir acima do teto da meta ao longo de 2025.

Ainda assim, o Banco Central ressalta que as incertezas aumentaram, tanto no cenário interno quanto externo. A inflação acumulada nos próximos trimestres deve se manter na faixa de 5,5% a 5,6%, com queda projetada para 5,1% no final do ano e 3,7% em 2026. Apesar da moderação esperada, a probabilidade de o IPCA ultrapassar o limite superior da meta neste ano subiu para 70%, contra 50% no relatório anterior.

Outro ponto de preocupação é o crédito, com a expectativa de crescimento reduzida para 7,7%, ante os 9,6% previstos anteriormente. Para as famílias, a estimativa foi ajustada de 10% para 8,5%, e para as empresas, de 9% para 7%. O cenário reflete o impacto dos juros altos e do endividamento elevado, que restringem o acesso ao crédito e pressionam a renda.

No contexto político, a projeção do Banco Central contrasta com a estimativa do governo federal, que prevê um crescimento de 2,3% para o PIB este ano, enquanto o mercado financeiro projeta um avanço de 1,98%, conforme o boletim Focus. Essa divergência reforça a percepção de que o crescimento econômico dependerá de fatores conjunturais e de políticas macroeconômicas consistentes.
O Banco Central também adiantou que, em junho, será divulgada uma carta aberta explicando o descumprimento da meta de inflação, uma exigência da nova sistemática de monitoramento. A expectativa é que o documento esclareça as estratégias para alinhar o IPCA ao centro da meta de 3% ao longo dos próximos anos.

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