A inflação de alimentos voltou a figurar entre os principais responsáveis pela alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro, registrando uma variação de 0,70% e contribuindo com 0,15 pontos percentuais no indicador geral. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA teve um aumento de 1,31% no mês passado, a maior alta para fevereiro em 22 anos.
De acordo com o Instituto Pacto Contra a Fome, que monitora os preços por meio do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos, o impacto da alta dos alimentos sobre as famílias de menor renda é alarmante. O aumento dos preços, especialmente de itens básicos como ovos (alta de 15,39%, com impacto de 0,04 p.p.) e café (0,54%, com impacto de 0,06 p.p.), prejudica ainda mais o orçamento das famílias vulneráveis, que já dedicam uma parcela significativa de sua renda à alimentação.
Impacto social
Apesar de ter ficado atrás dos grupos Educação e Habitação no índice geral, a pressão inflacionária dos alimentos levanta preocupações sociais profundas. Para Ricardo Mota, gerente de Inteligência do Pacto Contra a Fome, “famílias de baixa renda direcionam uma parcela significativa de seu orçamento para alimentação, tornando-as mais vulneráveis às oscilações de preços”. Em um cenário de pobreza estrutural e desigualdade, a inflação de alimentos não pode ser encarada apenas como um problema econômico, mas como uma ameaça concreta à segurança alimentar.
Nos últimos 12 meses, enquanto o IPCA acumulou uma variação de 5,06%, a inflação de alimentos alcançou 7,00%, uma diferença que pressiona fortemente as famílias de baixa renda. Outro aspecto importante do estudo é a análise sob a perspectiva da Classificação Nova, que categoriza os alimentos de acordo com seu nível de processamento. A pesquisa apontou uma leve desaceleração nos preços de alimentos in natura e minimamente processados entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025.
O alto custo dos alimentos naturais e saudáveis leva muitas famílias a optarem por produtos ultraprocessados, mais baratos e frequentemente menos nutritivos. O Instituto Pacto Contra a Fome defende a implementação de políticas públicas de longo prazo que garantam o acesso à alimentação saudável e promovam a segurança alimentar, especialmente em um cenário de riscos climáticos que podem comprometer a produção agrícola.
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