
–
Pelo menos 14 milhões de crianças vítimas de desnutrição podem não ter acesso à ajuda alimentar que necessitam em 2025 devido aos cortes de ajuda internacional, advertiu o Unicef nesta quarta-feira (26).
“Nas últimas décadas, conseguimos avanços impressionantes na redução da desnutrição infantil no mundo”, o que permitiu salvar milhões de vidas, afirmou a diretora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Catherine Russell, em comunicado.
“Mas os cortes financeiros abruptos vão reverter dramaticamente esses avanços e colocar em perigo as vidas de mais milhões de crianças”, acrescentou.
O Unicef refere-se à redução prevista das contribuições dos “doadores”, sem citar especificamente os Estados Unidos, que anunciaram este ano a eliminação da maior parte dos programas da agência americana de desenvolvimento USAID, que administrava um orçamento anual de 42,8 bilhões de dólares (R$ 245 bilhões, na cotação atual).
Esta primeira avaliação do Unicef sobre os impactos desta crise financeira se concentra em seus programas de nutrição.
O fundo da ONU estima, em especial, que 2,4 milhões de crianças que sofrem de desnutrição aguda grave podem deixar de ter acesso aos “alimentos terapêuticos prontos para o consumo” durante o restante de 2025.
Além disso, teme a redução de pessoal e o fechamento de 2.300 centros especializados no tratamento de crianças que sofrem de emaciação (a forma mais letal de desnutrição, caracterizada pela magreza extrema). E outros 28 mil centros de atendimento ambulatório para desnutrição também estão em perigo. Alguns já encerraram suas operações.
“Esta crise de financiamento ocorre enquanto as necessidades das crianças não têm precedentes”, devido aos deslocamentos recorde, aos conflitos, às epidemias e aos impactos da mudança climática, indicou o Unicef.
A agência está particularmente preocupada com as mulheres e meninas.
“Mesmo antes dos cortes financeiros, o número de mulheres grávidas ou lactantes e de adolescentes com desnutrição aguda aumentou de 5,5 milhões para 6,9 milhões — ou seja, 25% — desde 2000”, destaca o comunicado.