
Annabelle Gordon
A revista americana The Atlantic publicou, nesta quarta-feira (26), o plano de ataque do Exército americano contra os huthis no Iêmen, que seu editor-chefe recebeu acidentalmente, depois de o governo de Donald Trump afirmar que não estava protegido por sigilo.
Este segundo artigo, depois da publicação de segunda-feira, inclui capturas de tela de mensagens do secretário de Defesa, Pete Hegseth, com os horários dos ataques planejados contra o grupo rebelde do Iêmen, duas horas antes de o fato acontecer no dia 15 de março.
O escândalo sacudiu a administração do presidente Donald Trump, que reagiu atacando a The Alantic e negando irregularidades.
O porta-voz do conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, disse na segunda-feira que a troca de mensagens citada pela The Atlantic parecia “autêntica”.
No entanto, o vice-presidente JD Vance, que aparece no chat de mensagens do Signal, afirmou que a The Atlantic “exagerou” na história.
Para a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, “toda a história é outro engano”.
“Sem locais. Sem fontes ou métodos. Sem planos de guerra”, escreveu o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz, que reconheceu na segunda-feira ter criado o grupo de bate-papo.
No entanto, os detalhes do chat alimentam o descontentamento dos democratas com o Congresso, que acusam os auxiliares de Trump de incompetência e de colocar em risco as operações militares dos EUA.
A Câmara de Representantes debaterá sobre o tema nesta quarta-feira.
O título do primeiro artigo da prestigiosa revista é “A administração de Trump me enviou sem querer seus planos de guerra”.
No artigo, o redator chefe da The Atlantic, Jeffrey Goldberg, descrevia como foi adicionado por engano a um grupo de mensagens no Signal, em que os mais altos cargos do governo, incluindo os chefes do Pentágono e da CIA, conversavam sobre futuros ataques contra os huthis, aliados do Irã.
Na terça-feira, Donald Trump minimizou o vazamento, que ele descreveu como simplesmente um “erro” de um jornalista “depravado”.
“Nenhuma informação confidencial foi compartilhada” nesse grupo de discussão, disse a diretora de inteligência dos EUA, Tulsi Gabbard, na terça-feira.
– Decolagem do F-18 –
Em seu novo artigo, a revista informa ter entrado em contato com funcionários do governo depois que fizeram estas declarações para perguntá-los se estavam de acordo com a publicação de mensagens mais específicas do que as mencionadas no primeiro artigo.
A Casa Branca disse que não, segundo a The Atlantic, que, no entanto, publicou a maior parte das trocas de mensagens, ocultando apenas o nome de um agente da CIA.
“12h15: F-18s decolam (primeiro grupo de ataque)”, escreve Pete Hegseth neste bate-papo em grupo.
“O alvo terrorista está em sua área conhecida”, escreveu o secretário de Defesa, em estilo telegráfico, em 15 de março.
“14h10: Mais F-18s LANÇADOS (2º pacote de ataque)”, escreve o chefe do Pentágono em um ponto. “14h15: Drones de ataque no alvo (É NESSE MOMENTO QUE AS PRIMEIRAS BOMBAS DEFINITIVAMENTE CAIRÃO)”.
Pouco tempo depois, Mike Waltz enviou informações em tempo real sobre as consequências de um ataque: “O prédio desabou. Tive várias identificações positivas” e “trabalho incrível”.
Os huthis afirmaram que os ataques americanos mataram cerca de cinquenta pessoas e feriram uma centena.