O esquema inclui a simulação de concorrências para garantir que uma empresa específica seja contratada. A cidade com maior volume de suspeitas é Santo Ângelo. Por lá, em pelo menos 16 liminares analisadas, a empresa Renovar aparece como vencedora de concorrências. Câmera escondida flagra explicação de empresária para enganar a Justiça e fraudar orçamentos
O Fantástico deste domingo (16) revelou um esquema de fraudes, no Rio Grande do Sul, envolvendo empresas de home care, que prestavam serviços médicos em casa. O esquema inclui a simulação de concorrências para garantir que uma empresa específica seja contratada.
A cidade com maior volume de suspeitas é Santo Ângelo. Por lá, em pelo menos 16 liminares analisadas, a empresa Renovar aparece como vencedora de concorrências. O que chamou a atenção na investigação é que as duas concorrentes são sempre as mesmas.
Os repórteres marcaram um encontro com Cláudia Fonseca, dona da Renovar, e se passaram por interessados no serviço. Sem saber que estava sendo gravada, Cláudia e um homem que se apresenta como sócio da empresa, entregaram três orçamentos já definidos. O menor valor sempre garantia a vitória da Renovar.
Repórter: “Se alguém do juiz ligar para as outras empresas, elas vão confirmar?”
Cláudia: “Claro, com certeza.” – respondeu Cláudia.
Repórter: “Não vai ter problema?”
Cláudia: “Não.”
Sócio: São parceiros nossos.
O sócio da Renovar revelou que as empresas parceiras eram favorecidas em outras concorrências.
“Eles precisam de orçamento, nós encaminhamos o nosso com valor um pouquinho maior, e vice-versa.”
Fraude envolvendo advogados e médicos
A Procuradoria do Estado identificou outros indícios de irregularidades: aparece como representante das famílias em quase metade de todas as liminares na cidade de Santo Ângelo e dois médicos assinaram quase 60% dos laudos usados para embasar os pedidos.
Em alguns casos, os escritórios de advocacia ficavam no mesmo prédio da empresa que venceu a licitação.
“Assim como nós já vimos, por exemplo, o médico que prescreveu o serviço, prescreveu a necessidade e esse laudo que serviu para o juiz dar a liminar ser o médico que depois é contratado para prestar o atendimento para aquela pessoa com base na liminar”, explica o procurador Lourenço Orlandini.
Durante a conversa com a dona da Renovar, ela explica a estratégia para enganar a Justiça.
“Tem um roteiro de como constituir um laudo, tá? Se quiser, eu posso te mandar.”
O Fantástico teve acesso ao documento. O texto indicava que o serviço não poderia ser prestado por um familiar ou cuidador e que a internação hospitalar era desaconselhada.
Nos laudos analisados, um erro de português se repetia: “contraindicado” internação hospitalar pelo risco de infecção – evidência de que os documentos eram padronizados.
Confronto com os suspeitos
Após a reunião, os repórteres abordaram Cláudia e seu sócio. Ela tentou negar tudo.
Repórter: “Vocês vão aparecer no Fantástico fraudando orçamentos para enganar a Justiça.”
Cláudia: “Nenhum momento. Todas essas empresas existem.”
Ao ser questionada sobre o roteiro dos laudos, Cláudia se esquivou:
Cláudia: “O quê? […] O laudo a gente sempre faz de uma forma como tem que ser, porque o juiz exige.”
Fraude do home care: empresas são investigadas por forjar documentos e desviar milhões no RS
O home care é um serviço de atendimento domiciliar destinado a pacientes com limitações graves. O estado e os municípios são obrigados a financiar esses tratamentos por meio de decisões judiciais. Nos últimos anos, o valor destinado a esses atendimentos no Rio Grande do Sul cresceu de R$ 19 milhões em 2023 para R$ 39 milhões em 2024, segundo a Procuradoria-Geral do Estado.
O Ministério Público investiga os envolvidos por organização criminosa, fraude em licitações e desvio de recursos públicos. Apesar das suspeitas, a Procuradoria-Geral do Estado garantiu que o atendimento aos pacientes será mantido.
Em Porto Alegre, a empresa de home care ENFPRO é investigada por superfaturar seus serviços. As sócias da companhia estão em prisão domiciliar.
Em nota, a defesa da ENFPRO negou irregularidades nos serviços prestados e disse que o processo comprovará que a empresa e seus representantes agiram de acordo com a lei.
Veja a reportagem completa abaixo:
Fantástico revela como agia a máfia das empresas de home care, que prestam serviços médicos em casa
Ouça os podcasts do Fantástico
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O Fantástico deste domingo (16) revelou um esquema de fraudes, no Rio Grande do Sul, envolvendo empresas de home care, que prestavam serviços médicos em casa. O esquema inclui a simulação de concorrências para garantir que uma empresa específica seja contratada.
A cidade com maior volume de suspeitas é Santo Ângelo. Por lá, em pelo menos 16 liminares analisadas, a empresa Renovar aparece como vencedora de concorrências. O que chamou a atenção na investigação é que as duas concorrentes são sempre as mesmas.
Os repórteres marcaram um encontro com Cláudia Fonseca, dona da Renovar, e se passaram por interessados no serviço. Sem saber que estava sendo gravada, Cláudia e um homem que se apresenta como sócio da empresa, entregaram três orçamentos já definidos. O menor valor sempre garantia a vitória da Renovar.
Repórter: “Se alguém do juiz ligar para as outras empresas, elas vão confirmar?”
Cláudia: “Claro, com certeza.” – respondeu Cláudia.
Repórter: “Não vai ter problema?”
Cláudia: “Não.”
Sócio: São parceiros nossos.
O sócio da Renovar revelou que as empresas parceiras eram favorecidas em outras concorrências.
“Eles precisam de orçamento, nós encaminhamos o nosso com valor um pouquinho maior, e vice-versa.”
Fraude envolvendo advogados e médicos
A Procuradoria do Estado identificou outros indícios de irregularidades: aparece como representante das famílias em quase metade de todas as liminares na cidade de Santo Ângelo e dois médicos assinaram quase 60% dos laudos usados para embasar os pedidos.
Em alguns casos, os escritórios de advocacia ficavam no mesmo prédio da empresa que venceu a licitação.
“Assim como nós já vimos, por exemplo, o médico que prescreveu o serviço, prescreveu a necessidade e esse laudo que serviu para o juiz dar a liminar ser o médico que depois é contratado para prestar o atendimento para aquela pessoa com base na liminar”, explica o procurador Lourenço Orlandini.
Durante a conversa com a dona da Renovar, ela explica a estratégia para enganar a Justiça.
“Tem um roteiro de como constituir um laudo, tá? Se quiser, eu posso te mandar.”
O Fantástico teve acesso ao documento. O texto indicava que o serviço não poderia ser prestado por um familiar ou cuidador e que a internação hospitalar era desaconselhada.
Nos laudos analisados, um erro de português se repetia: “contraindicado” internação hospitalar pelo risco de infecção – evidência de que os documentos eram padronizados.
Confronto com os suspeitos
Após a reunião, os repórteres abordaram Cláudia e seu sócio. Ela tentou negar tudo.
Repórter: “Vocês vão aparecer no Fantástico fraudando orçamentos para enganar a Justiça.”
Cláudia: “Nenhum momento. Todas essas empresas existem.”
Ao ser questionada sobre o roteiro dos laudos, Cláudia se esquivou:
Cláudia: “O quê? […] O laudo a gente sempre faz de uma forma como tem que ser, porque o juiz exige.”
Fraude do home care: empresas são investigadas por forjar documentos e desviar milhões no RS
O home care é um serviço de atendimento domiciliar destinado a pacientes com limitações graves. O estado e os municípios são obrigados a financiar esses tratamentos por meio de decisões judiciais. Nos últimos anos, o valor destinado a esses atendimentos no Rio Grande do Sul cresceu de R$ 19 milhões em 2023 para R$ 39 milhões em 2024, segundo a Procuradoria-Geral do Estado.
O Ministério Público investiga os envolvidos por organização criminosa, fraude em licitações e desvio de recursos públicos. Apesar das suspeitas, a Procuradoria-Geral do Estado garantiu que o atendimento aos pacientes será mantido.
Em Porto Alegre, a empresa de home care ENFPRO é investigada por superfaturar seus serviços. As sócias da companhia estão em prisão domiciliar.
Em nota, a defesa da ENFPRO negou irregularidades nos serviços prestados e disse que o processo comprovará que a empresa e seus representantes agiram de acordo com a lei.
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