O senador Eduardo Girão (Novo) enviou, ontem (25), um ofício à Presidência da República solicitando uma intervenção federal na Segurança Pública do Ceará. O pedido foi direcionado ao presidente Lula (PT), com cópia ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O parlamentar usou a tribuna do Senado para defender a medida, apontando a onda de violência no Estado, incluindo os ataques a provedores de internet na Região Metropolitana de Fortaleza. “Não tem como, nesse momento, assistir de camarote o que está acontecendo e ficar denunciando, denunciando, denunciando. O remédio tem que ser amargo”, afirmou o parlamentar.
No documento, Eduardo Girão aponta diversos crimes, principalmente ligados às facções criminosas, para justificar a intervenção. Entre eles, os casos de ataques a provedores de internet registrados em Fortaleza e na Região Metropolitana, especialmente no entorno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A área conta, segundo Girão, com investimentos da ordem de R$ 50 bilhões e grande potencial de geração de empregos.
“As facções criminosas estão cobrando pedágios, incendiando carros, incendiando estabelendicmento, porque está fazendo uma concorrência de algo legal com algo ilegal. Tem empresa fechando e indo embora”, conta Girão sobre a atuação de criminosos na disputa pelo controle dos provedores de internet.
O senador relatou casos de assassinatos de vereadores no Interior do Estado e o aumento da violência contra crianças, idosos e mulheres, que estariam sendo “chicoteadas”: “é a volta à barbárie, à Idade Média”. “A sensação de impunidade toma conta do estado. Os cidadãos são proibidos de sair de casa, de visitar familiares e até de trabalhar. O direito de ir e vir é sagrado, constitucional. É insustentável o que está acontecendo”, afirma Girão.
Girão cita também as chacinas registradas no Ceará, especialmente nas areninhas; a “decadência” do sistema carcerário, que serviriam para o “fortalecimento das facções criminosas”, e a atuação desses grupos nos períodos eleitorais, com casos de “pistolagem” que contra vereadores cearenses. “Se o estado não cumpre sua função, a união deve intervir”, conclui.
O senador encerrou sua fala pedindo que os colegas parlamentares que tenham um “canal mais aberto” com o Planalto possam interceder pela intervenção. O senador reforçou ainda que o pedido “não é de direita, não é de esquerda, não e de centro, a favor ou contra o governo. É pela paz”.
O senador Eduardo Girão disputou a prefeitura de Fortaleza em 2024 e já anunciou sua pré-candidatura ao Governo do Estado em 2026. Também faz oposição às gestões petistas em nível estadual e federal.
Na Câmara
Outra parlamentar que pediu intervenção na Segurança Pública do Ceará foi a deputada federal Dayany Bittencourt (União Brasil). A deputada oficializou o pedido de intervenção no dia 11 de março, solicitando medidas “urgentes para combater os ataques criminosos a provedores de internet e garantir a segurança pública no Estado do Ceará”.
Mudança de discurso
Também de olho em 2026, o governador Elmano de Freitas (PT) e o presidente Lula têm subido o tom ao falar de segurança. O governador tem tomado medidas para reforçar a segurança e surpreendeu ao declarar, sobre uma ação da polícia militar em Parambu que resultou na apreensão de fuzis e na morte de dois suspeitos: “entre um policial ser vítima e bandidos tombarem, que eles levem sempre a pior”.
Já Lula, durante a inauguração do Hospital Universitário do Ceará (HUC), na semana passada, destacou o envio da PEC da Segurança ao Congresso e afirmou que não pode permitir que o Brasil vire uma “República de ladrões de celular”.
(Por Maurício Moreira)
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