BC aumenta taxa de juros para 14,25% em meio a pressões inflacionárias

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (19/03) a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, alcançando 14,25% ao ano. A decisão, que já era amplamente esperada pelo mercado financeiro, iguala os juros ao patamar observado durante a crise política e econômica do governo Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.

Sob o comando de Gabriel Galípolo, o Copom dá continuidade ao ciclo de aperto monetário iniciado em setembro de 2024, que acumula cinco aumentos consecutivos, somando 3,75 pontos percentuais de alta. A estratégia visa conter a persistente pressão inflacionária, em um contexto de piora nas expectativas de preços. De acordo com o Boletim Focus, o mercado projeta um IPCA de 5,66% para este ano, acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que varia entre 1,5% e 4,5%.

Inflação
A aceleração da inflação preocupa os economistas, especialmente para 2026, quando as projeções indicam que o índice pode atingir 4,48%, encostando no limite superior da meta. O ambiente de incerteza se intensifica com a política fiscal expansionista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem lançado medidas de estímulo à economia, como o novo consignado privado e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000. A proposta de compensação, que inclui a tributação mínima dos mais ricos, enfrenta resistência no Congresso.

Cenários
O cenário internacional também adiciona camadas de incerteza, com a guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A imposição de novas tarifas pode pressionar a inflação global e influenciar as decisões do Federal Reserve (Fed), que, por ora, manteve sua taxa de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano. Essa conjuntura pode impactar a atividade econômica brasileira e pressionar ainda mais a política monetária do Banco Central.

Com um PIB que cresceu 3,4% em 2024, mas desacelerou no quarto trimestre, o Brasil enfrenta um dilema entre conter a inflação e não comprometer a retomada econômica. Os efeitos defasados da alta da Selic serão sentidos nos próximos trimestres, e o Copom já monitora os impactos sobre a inflação projetada para o terceiro trimestre de 2026. Com um colegiado agora dominado por indicados do governo Lula, sete dos nove membros, a próxima decisão do comitê será acompanhada de perto pelo mercado. O próximo encontro do Copom está marcado para os dias 6 e 7 de maio.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Coreon-CE) Wandemberh Almeida, esse é um remédio amargo, mas necessário no momento, para conter a inflação que está acima da meta estipulada. “Sabemos que isso afeta muito as famílias de baixa renda, e tem reflexo negativo na economia, mas é o remédio utilizado pelo Banco Central, para controlar a inflação que corrói o poder de compra da população. A ideia é conter o crédito, para que desestimule a economia, mas sabemos que o momento que o país está vivendo, de tentar ajustar as contas. é importante que junto com esse remédio amargo, o próprio governo tente compreender que tem um papel importante, de controle dos gastos, para fazer com que a política fiscal realmente funcione no país. É um trabalho em conjunto. Só assim teremos uma economia fortalecida”.

O Copom, segundo o especialista, ao aumentar a taxa de juros, já deixa claro que realizará novo aumento futuramente. “Esse aumento é um recado para que todo setor consiga compreender a importância de utilizar essa ferramenta. Mas é preciso perceber que isso prejudica o desenvolvimento e a economia como um todo, pois tudo fica mais caro. Com certeza vai impactar em setores como a construção civil, automobilísticos, empréstimos, entre outros. São consequências ruins. Muitas empresas não conseguirão pegar crédito para investir e poder fortalecer o mercado de trabalho. Já o mercado financeiro está comemorando, pois irão ganhar mais recursos. Quem se prejudica mais é o setor produtivo. É importante entender todos os lados”.

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