* Yves Lima
A crescente conscientização sobre questões ambientais, sociais e de governança (ESG) está moldando o futuro do Brasil, impulsionada por mudanças globais e uma necessidade urgente de adaptação.
Esse ano, as tendências relacionadas ao ESG devem atingir novos patamares, à medida que o país intensifica suas ações para enfrentar desafios ambientais e sociais.
O mercado, a sociedade e o setor público estão cada vez mais conscientes da importância dessas questões.
Três tendências se destacam e devem dominar a agenda ESG no Brasil em 2025, bem como os motivos que explicam seu crescimento.
1. Neutralização das emissões de carbono
Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado como um centro estratégico para projetos de geração de créditos de carbono, com diversas empresas globais e locais buscando neutralizar suas emissões por meio de iniciativas ambientais.
Em 2025, a neutralização de emissões se consolidará não mais como uma tendência, mas como um posicionamento essencial, pois a pressão por compromissos de carbono zero se intensificará entre governos, companhias e investidores.
Projetos como reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, não só ajudam a reduzir o impacto das atividades humanas no clima, mas também abrem portas para uma economia verde crescente.
Além disso, à medida que os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais evidentes, com secas, chuvas excessivas e incêndios mais frequentes, o Brasil se torna um território privilegiado para investimentos em soluções sustentáveis.
O papel das seguradoras será – e de fato já é – fundamental para garantir a resiliência dos projetos de longo prazo, oferecendo coberturas adaptadas aos riscos climáticos.
O fortalecimento desse mercado de carbono e a expansão de mecanismos de financiamento serão cruciais para consolidar o país como um líder global em neutralização de emissões.
2. Saneamento básico como pilar da sustentabilidade
A revolução no saneamento básico no Brasil é uma das mudanças mais urgentes e transformadoras no país, e em 2025, esse movimento deve ganhar ainda mais força.
O acesso a serviços básicos de água e esgoto é uma das principais necessidades para garantir o bem-estar da população, especialmente em áreas rurais e nas periferias das grandes cidades.
A falta de saneamento afeta diretamente a saúde pública e agrava questões ambientais, como a poluição de corpos d’água e o descarte inadequado de resíduos.
No entanto, há um movimento crescente para superar essas deficiências. Investimentos em infraestrutura, como sistemas de coleta e tratamento de água e esgoto, têm se intensificado, com parcerias público-privadas ajudando e impulsionando as propostas.
A construção de uma base sólida de saneamento básico não é apenas um desafio social, mas também uma questão estratégica para que o Brasil se torne uma potência na economia verde.
Espera-se que os projetos de saneamento continuem se expandindo, impulsionados pela conscientização sobre a necessidade de inclusão social e sustentabilidade ambiental.
Além disso, a melhoria da infraestrutura básica impulsiona a criação de empregos e uma maior qualidade de vida para as populações mais vulneráveis.
3. Foco em riscos climáticos e ambientais
O Brasil se prepara para um 2025 em que os riscos climáticos e ambientais serão um foco crescente no cenário nacional e internacional.
A realização da COP 30 no Brasil representa uma oportunidade única para o país se posicionar como líder em soluções para as questões climáticas, não apenas por meio de políticas públicas, mas também por meio de soluções inovadoras no mercado de seguros e finanças.
No mercado de seguros, a demanda por produtos que abordem os riscos ambientais e climáticos está em ascensão, mas ainda há lacunas a serem preenchidas.
O foco está em proteger os ativos contra desastres naturais, como enchentes, secas e incêndios, e desenvolver ferramentas que ajudem as companhias e comunidades a se adaptarem às mudanças climáticas.
Apesar da crescente conscientização, a falta de incentivos fiscais e a escassez de produtos adequados ainda limitam a expansão desse mercado.
Entretanto, a necessidade de mitigar os impactos da mudança climática só tende a crescer. Portanto, representará um momento crucial para as seguradoras, investidores e empresas financeiras desenvolverem soluções mais robustas para lidar com os riscos ambientais, além de uma regulamentação mais eficaz para incentivar práticas empresariais sustentáveis.
Para concluir
As tendências ESG mostram um Brasil em transformação, buscando equilíbrio entre crescimento econômico e responsabilidade ambiental e social.
A neutralização das emissões de carbono, a revolução no saneamento básico e a intensificação dos cuidados com os riscos climáticos são áreas estratégicas que se destacam por seu impacto direto no bem-estar da população e na saúde do planeta.
Espera-se que essas tendências se consolidem como pilares de uma economia mais sustentável, criando oportunidades de negócios e inovação.
O Brasil está no caminho certo para se tornar um protagonista global nas soluções para as questões ambientais e sociais, e esse ano será fundamental para dar forma a esse futuro.
* Yves Lima, Diretor de Linhas Financeiras – Howden Re Brasil.