O ovo de galinha e o café moído, itens essenciais na dieta dos brasileiros, registraram inflação recorde em fevereiro, segundo o último levantamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta nos preços desses produtos foi um dos principais fatores de pressão sobre o grupo alimentação e bebidas, que acumulou uma inflação de 7% nos últimos 12 meses, a maior entre os nove grupos do IPCA.
O preço do ovo de galinha disparou 15,39% em fevereiro, alcançando a maior inflação mensal desde a implantação do Plano Real, em 1994. A última vez que um aumento mais significativo foi registrado foi em junho daquele ano, com uma impressionante alta de 56,41%, antes da entrada do real em circulação. O café moído também registrou um aumento expressivo, de 10,77%, o maior em 26 anos, superando a taxa de fevereiro de 1999, que foi de 12,55%.
De acordo com Fernando Gonçalves, gerente de pesquisa do IBGE, o aumento dos preços do café está diretamente ligado a uma quebra de safra global, que tem impactado os mercados internacionais. Já a alta no preço dos ovos se deve a uma combinação de fatores: a maior demanda com o retorno das aulas, o aumento das exportações em razão da gripe aviária nos Estados Unidos e os efeitos do calor intenso na produção nacional.
Apesar do aumento expressivo em alguns produtos, outros itens básicos tiveram queda, ajudando a conter o impacto geral da inflação alimentar. Em fevereiro, houve recuo nos preços da batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%), leite longa vida (-1,04%), banana-d’água (-5,07%), laranja-pera (-3,49%) e óleo de soja (-1,98%). Ainda assim, a alta nos preços dos alimentos tem gerado preocupação para o governo, que enfrenta queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como resposta, o governo anunciou a isenção da alíquota de importação de itens como carne, café, milho, óleos e açúcar. No entanto, associações de produtores criticaram a medida, afirmando que a falta de fornecedores competitivos torna a iniciativa pouco eficaz no controle dos preços.
Especialistas alertam que, apesar dos esforços governamentais, o impacto da inflação nos alimentos deve continuar sendo sentido nos próximos meses, principalmente devido às oscilações climáticas e aos desafios logísticos enfrentados pelo setor produtivo. Para os consumidores, isso significa uma necessidade maior de planejamento financeiro e de substituição de produtos mais caros por opções acessíveis, enquanto aguardam uma eventual estabilização dos preços no mercado.
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