“Uma tradição pode aparecer e aprisionar um povo, pode levá-lo a acreditar que o passado é seu futuro, e que o senhor é seu servo, e pode, por isso, manter uma ordem social em que a vasta maioria da população estaria sujeita às condições de exploração e dominação.”
Escrito entre dezembro de 1851 e março de 1852, publicado originalmente na revista Die Revolution, a obra em questão parte da análise concreta dos acontecimentos revolucionários na França, entre 1848 e 1851, acontecimentos esses que levaram ao golpe de estado em que Napoleão III se nomeou imperador, à semelhança de seu tio Napoleão I. Brumário é a data que corresponde ao calendário estabelecido pela Revolução Francesa e equivale a 9 de novembro do calendário gregoriano; é o mês do calendário republicano francês.
O livro é uma das obras mais importantes do marxismo, no qual se abordam teses fundamentais do materialismo histórico: teoria da luta de classes e a da revolução proletária, a doutrina do Estado e da ditadura do proletariado. É de suma importância a conclusão de Marx sobre a atitude do proletariado em relação ao Estado burguês. Também nesta obra foi desenvolvida a questão do campesinato como aliado da classe operária na revolução iminente. Explica, ainda, o papel dos partidos políticos na vida social e formula uma caracterização profunda da essência do bonapartismo.Marx demonstra, nesse texto, o enfoque conjuntural acerca do Estado francês, assim como entrevê algumas contribuições desta importante obra para a análise do político. Observa-se que Marx aponta nela uma das características do Estado centralizado moderno: a constituição de um aparelho militar e civil (exército, burocracia). Além disso, discute como a república parlamentar se constitui como um espaço político – uma forma pura de dominação ou forma pela qual a burguesia exercia seu poder sem mediações – do qual a burguesia teve que se desfazer, tendo em vista que se constituía num momento em que as maiorias poderiam usurpar este poder.
Segundo Herbert Marcuse [Boitempo/2011], “a fragmentação do pensamento – sinal de sua autenticidade frente à realidade fragmentada – determina o estilo de “O 18 de brumário”: contra a vontade de quem a escreveu, a obra se torna alta literatura.
Fontes:
LARA,Sueli R. Seminário Ideologia, Discurso e Educação [UFPA].
MARX, Karl. O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte – Centauro, 2006.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social na era dos meios de comunicação de massa – Vozes, 2002.
FERNANDO MAGALHÃES
ASS. TÉC. DA ALECE
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