Acordo para a paz: Ucrânia aceita cessar-fogo na guerra contra a Rússia

Após nove horas de reunião na Arábia Saudita, nessa terça-feira (11), negociadores da Ucrânia e dos Estados Unidos divulgaram comunicado em que Kiev se compromete a aceitar o cessar-fogo na guerra com a Rússia em troca do início de negociações de paz. É a primeira vez, em pouco mais de três anos de conflito, que um dos lados aceita uma trégua para discutir a pacificação.
Negociações entre Moscou e Kiev ocorreram antes, mas foram abortadas logo no começo do conflito, e houve uma frágil pausa em combates no Natal ortodoxo de 2023. Falando a repórteres, o pai da oferta, Donald Trump, disse estar otimista. “Acho que teremos um cessar-fogo nos próximos dias”, afirmou. Ele deve ligar até sexta-feira (14) para o presidente russo, Vladimir Putin. “São precisos dois para dançar um tango”, resumiu.
Pouco antes, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, havia adotado a mesma linha. “A bola está com a Rússia. O melhor gesto de boa vontade que os russos podem ter é aceitar o acordo”, afirmou ele, que liderou a delegação americana em Jeddah.
“A Ucrânia expressa prontidão em aceitar a proposta americana para decretar um cessar-fogo provisório de 30 dias, que pode ser estendido por acordo mútuo entre as partes, e que está à disposição para aceitação e implementação pela Rússia”, cita o comunicado conjunto do encontro.
Segundo o texto, “os EUA irão comunicar a Rússia que a reciprocidade russa é a chave para chegar à paz”. Em uma vitória para Kiev após semanas sendo bombardeada politicamente por Trump, “os EUA irão levantar imediatamente a pausa no compartilhamento de inteligência e retomar a assistência de segurança à Ucrânia”.
“A Ucrânia aceita essa proposta, nós a consideramos positiva e estamos prontos para dar esse passo. A Ucrânia está pronta para a paz”, disse o presidente Volodimir Zelenski em um comunicado à parte. Até a semana passada, ele era chamado por Trump e por Rubio de alguém que não queria encerrar o conflito.
Zelenski estava em Jeddah, onde se encontrou com o príncipe herdeiro do reino, Mohammed bin Salman, mas a delegação foi encabeçada pelo chefe de gabinete, Andrii Iermak. Ao fim do encontro, o poderoso auxiliar publicou que as conversas “haviam sido muito produtivas”.
Os termos do acordo ainda não são conhecidos. Antes do encontro, Rubio havia deixado claro que Kiev não poderia contar com as fronteiras anteriores a 2014, quando Vladimir Putin anexou a Crimeia. Hoje, o russo domina 20% do país.
Quando listou os objetivos para parar a guerra no ano passado, Putin disse querer as províncias que anexou em 2022 e que ainda não controla totalmente, a neutralidade e a desmilitarização de Kiev. Questionado por repórteres acerca do tema das garantias de segurança de longo prazo para manter a paz, exigência da Ucrânia, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz, disse que o tema foi discutido, sem dar detalhes.
Trump quer empurrar isso para a Europa, aliás ausente em Jeddah, mas na prática ninguém sabe o que fazer: uma força de paz ocidental é rejeitada hoje pelo Kremlin. Também nada se sabe ainda sobre o acordo de exploração de minerais estratégicos ucranianos, que havia sido negociado e depois suspenso quando Zelenski e Trump bateram boca na Casa Branca, na sexta-feira retrasada (28). As informações estão atualizadas até o fechamento desta edição.

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