Nos últimos 10 anos, mais empresas pediram para sair da Bolsa do que para entrar

A Bolsa de Valores brasileira (B3) enfrenta um movimento inédito: nos últimos dez anos, mais empresas estão solicitando fechamento de capital na B3 do que entrando. Entre 2014 e 2024, ocorreram 94 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), enquanto 93 companhias fecharam capital por meio de ofertas públicas de aquisição (OPAs), conforme levantamento divulgado pelo Valor Econômico.

Em 2024, com a queda de 10,36% do Ibovespa, principal índice da Bolsa, a fila de empresas interessadas em abrir capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está zerada e com uma ausência de novas aberturas de capital, desde setembro de 2021, segundo Einar Rivero, CEO da Consultoria Elos Ayta.

Segundo consenso dos especialistas, não há no horizonte uma nova temporada dessas operações após mais de três anos sem IPOs, o que tem motivado consultas para novas ofertas nos Estados Unidos.

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Fechamentos de capital seguem em alta

Um caso recente de fechamento de capital está relacionado ao Carrefour Brasil, que pretende encerrar sua presença na B3 por meio da incorporação da holding de sua subsidiária.

Outra empresa que pode seguir esse caminho é a Serena (ex-Ômega), com negociações avançadas para fechamento de capital por fundos de private equity (capital fechado), além de diversas outras empresas com movimento semelhante.

Por que as empresas estão deixando a Bolsa

Segundo especialistas, o valor baixo das ações e a depreciação do real diante do dólar e outras economias estabelecidas estimulam aquisições por estrangeiros, assim como a saída de companhias da Bolsa de Valores.

No entanto, as atuais condições macroeconômicas, aumento da inflação e preocupação com o cenário fiscal são fatores que contribuíram, e muito, tanto para o afastamento de investidores estrangeiros.

A inflação persistente e a trajetória de alta da taxa Selic, aliadas à possibilidade de ganhos consistentes na renda fixa, diminuem a atratividade do mercado de ações.

Segundo Einar Rivero, esse cenário afastou investidores estrangeiros, que retiraram R$ 24,2 bilhões da Bolsa brasileira em 2024, movimento que reflete a confiança reduzida dos investidores na economia brasileira, que também é impactada por fatores externos, como o aperto monetário global e a busca por mercados mais estáveis.

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IPO reverso como rota alternativa

Com os IPOs tradicionais praticamente inexistentes, algumas empresas estão adotando o “IPO reverso” para acessar o mercado de capitais de forma mais rápida e barata. Nesse modelo, uma empresa privada se funde com uma empresa já listada, evitando os altos custos e exigências regulatórias de um IPO convencional.

Recentemente, a Fictor Alimentos (B3: FICT3) adquiriu a Atompar (B3: ATOM3) para entrar na Bolsa utilizando as aquisições como estratégia de crescimento agressivo. Nesse caso, o IPO reverso tende a ter um risco menor de fracasso, pois a empresa não precisa passar por um processo de precificação pública.

Após o IPO reverso, no período entre 10 e 14 de fevereiro, o volume negociado da Fictor aumentou para R$ 346 mil/dia, acumulando nova alta expressiva de 40,63%.

Segundo André Vasconcellos, Vice-Presidente do Conselho de Administração do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e especialista em Direito Societário e Mercado de Capitais, o IPO reverso é uma estratégia vantajosa para empresas que querem evitar os custos e a burocracia de um IPO tradicional.

Ele destaca que, além da rapidez do processo, esse formato garante mais controle sobre a precificação das ações e reduz o risco de volatilidade excessiva após a listagem, o que é um risco comum em IPOs tradicionais, especialmente em períodos de incerteza no mercado.

Aspectos relevantes para o IPO reverso

Para realizar um IPO reverso, as empresas analisam diversos fatores, com destaque para a saúde financeira. Um balanço sólido, fluxo de caixa positivo, histórico de lucros, ausência de dívidas trabalhistas ou fiscais e, em alguns casos, uma auditoria independente são aspectos fundamentais, além da liquidez e o volume de negociação.

Vasconcellos destaca que mesmo em se tratando de um processo menos burocrático, ainda existem custos envolvidos, como assessorias jurídicas, auditorias e consultorias que foram necessárias.

Além disso, o processo regulatório e jurídico pode ser complexo, exigindo atenção para minimizar os riscos legais e garantir a proteção dos direitos dos acionistas.

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Perspectivas para o mercado de capitais em 2025

Vasconcellos ressalta que a criação de um ambiente regulatório e econômico mais favorável pode ser determinante para aumentar o número de empresas listadas na B3.

Ele também aponta que a transparência nas informações financeiras das empresas pode estimular o ingresso de investidores nacionais e estrangeiros.

Além dessas iniciativas, especialistas apontam outras medidas com potencial de revitalizar a B3:

  • Incentivo à educação financeira: campanhas para atrair novos investidores
  • Redução de custos operacionais: menos taxas para facilitar o acesso de pequenos investidores
  • Fomento a boas práticas de governança: transparência e credibilidade para atrair investidores institucionais

O especialista ressalta que, ainda que sejam consideradas todas essas medidas, fatores internos e externos, o fortalecimento do mercado acionário depende da criação de um ambiente favorável para novas listagens e da recuperação da confiança dos investidores.


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