
A escola da Zona Leste terminou a apuração com a mesma nota da campeã (269.8), mas não levou o título por 0.1 ponto do quesito evolução, que era o principal critério de desempate deste ano. Abre-alas da Acadêmicos do Tatuapé representa a chegada do Deus Caos.
Reprodução/TV Globo
Com um homem “enforcado” no carro abre-alas e a imagem de uma criança morta nos braços da Justiça, a escola de samba Acadêmicos do Tatuapé terminou como vice-campeã do carnaval de São Paulo em 2025, após liderar boa parte da apuração ao lado da Águia de Ouro e Mocidade Alegre.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Em uma apuração acirradíssima, a escola da Zona Leste foi superada pela Rosas de Ouro, que na última nota, do último quesito, venceu e sagrou-se a campeã de 2025 com um enredo sobre a história dos jogos de azar. Foi o oitavo título da história da escola da Brasilândia, na Zona Norte.
A escola do Tatuapé terminou a apuração com a mesma nota da campeã (269.8), mas não levou o título por 0.1 ponto do quesito evolução, que era o principal critério de desempate deste ano (entenda aqui).
Final da apuração dos desfiles das escolas de samba de SP aponta Rosas campeã e Tatuapé vice.
Reprodução/g1
A Acadêmicos do Tatuapé tinha chamado a atenção do público no Anhembi na primeira noite de desfiles do Grupo Especial, em São Paulo, com um enredo chamado “Justiça – A Injustiça Num Lugar Qualquer É uma Ameaça à Justiça em todo Lugar”, inspirado na frase de Martin Luther King (“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”).
O samba contou na avenida a esperança dos mais pobres por Justiça no mundo e as ameaças às liberdades individuais nas periferias.
Comissão de frente da Acadêmicos do Tatuapé representa a chegada do Deus Caos
Com uma coreografia ágil, a comissão de frente veio representando o deus Caos e trazia um “homem enforcado” em seu carro. O boneco simbolizava um dos métodos de execução mais marcantes da história.
Outro carro com um forte simbolismo trazia o corpo de uma criança morta nos braços da Justiça, representando a violência vivida no cotidiano brasileiro.
Boneco enforcado em carro abre-alas da Acadêmicos do Tatuapé assusta Anhembi
A rainha de bateria da escola, Muriel Quixaba, também foi destaque no desfile com um look futurista, contando com óculos com luzes e que se movimentava para cima e para baixo, simbolizando como a Justiça é cega em alguns momentos.
Em entrevista ao Gshow, ela explicou que o segredo para o movimento do dispositivo está em um botão na sua mão, com o qual ela controla o momento em que os óculos sobem e descem.
“Como a nossa Justiça é cega para algumas coisas, minha fantasia veio mostrando isso. Foram 50 mil cristais e custou cerca de R$ 30 mil”, disse ela ao Gshow.
Carro da Acadêmicos do Tatuapé traz criança morta nos braços de estátua símbolo da Justiça
Alegoria da escola Acadêmicos do Tatuapé, em SP, levou para avenida a representação de um homem enforcado
Leo Franco/AgNews
Desfile da Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé durante apresentação do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo no sambódromo do Anhembi, nesta sexta-feira (28).
REINALDO CAMPOS/ESTADÃO CONTEÚDO
LEIA MAIS:
FOTOS: veja as escolas que desfilaram no 1º dia do carnaval em São Paulo
Dragões, Mancha e Rosas de Ouro são destaques no 1º dia do Grupo Especial do carnaval de SP em 2025
Balada, cassino e pole dance: ‘luxos’ para foliões que pagaram até R$ 3.670 por uma noite de camarote no Sambódromo de SP
VÍDEO: Alexandre Pires defende enredos carnavalescos sobre religiões africanas: ‘a cultura afro está presente nas veias do povo brasileiro’
O samba-enredo da Acadêmicos do Tatuapé
“Justiça – A Injustiça num Lugar Qualquer É uma Ameaça à Justiça em Todo Lugar”
Compositores: Turko, Zé Paulo Sierra, Silas Augusto, Rafa do Cavaco, Fabio Souza e Luiz Jorge
Intérprete: Celsinho Mody
Letra
O caos imperava. Oh!, Dor inclemente!
É olho por olho, é dente por dente
Meu povo tá sofrendo mil anos ou mais
Qual será a receita da paz?
O julgamento talhou mandamentos
Teus olhos enxergam e fingem não ver
Em nome da fé pecou sem saber
Com a bênção do pai sou igual a você
Obanixé kaô Xangô
Clamei ao reino de Oyó… Justiça
A intolerância que assombra nossa luz
Chorou Maria aos pés da Santa Cruz
Flor mulher
Templo sagrado para se admirar
Sublime é… Orgulho em toda forma de amar
A Liberdade é nossa voz, é resistência
Chega de ódio, de tanta violência
Bata seu tambor
Respeita a minha fé
Reza pra quem é de aleluia ou pra quem é do axé
Tatuapé…
“ Poder” do povo preto está presente em nós
Marginalizados, excluídos
Que a Justiça seja sempre a nossa voz
A escola da emoção veste a toga da Justiça
Podem me julgar, falar o que quiser
De Luther King e Mandela a inspiração
Respeite o meu Tatuapé
Ficha técnica
Fundação: 26/10/1952
Presidentes: Erivelto Coelho, Antônio de Castro, Edu Sambista e Eduardo Santos
Carnavalesco: Wagner Santos
Mestres de Bateria: Leonardo Costa (Léo Cupim)
Casal de mestre-sala e porta-bandeira: Diego do Nascimento e Jussara de Sousa
Direção de Carnaval: Departamento Cultural
Direção de Harmonia: Edu Sambista
Coreógrafo da Comissão de Frente: Leonardo Helmer
Colocação em 2024: terceiro lugar
Conheça o enredo da Acadêmicos do Tatuapé pro Carnaval 2025