Presença de Maria Bethânia na trilha do remake de ‘Vale tudo’ reforça o elo da artista com a obra de Gilberto Braga


Iniciada em 1980 na novela ‘Água viva’, a afinada parceria da cantora com o escritor inclui gravações inéditas feitas para várias tramas do novelista. ♫ ANÁLISE E MEMÓRIA
♪ A presença de Maria Bethânia na trilha sonora do remake de Vale tudo – com gravação de Olha (1975), apaixonada canção de Roberto Carlos e Erasmo Carlos (1941 – 2022) – reforça o elo da cantora com a obra do novelista Gilberto Braga (1945 – 2021), autor da trama atualizada e reescrita em 2025 por Manuela Dias sob direção artística de Paulo Silvestrini. A voz de Bethânia em Olha vai embalar o romance do casal protagonista Raquel Accioly (Taís Araújo) e Ivan Meirelles (Renato Góes).
Em 1988, Bethânia também esteve na trilha da versão original de Vale tudo com a gravação de Tá combinado, música de Caetano Veloso lançada em 1986 pelo cantor Peninha e abordada pela cantora no álbum Maria, lançado naquele ano de 1988.
Gilberto Braga era admirador dos ícones da MPB e sempre gostou de ter gravações de nomes como Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gal Costa (1945 – 2022) nas trilhas sonoras das novelas e séries que escreveu para a Globo desde 1974 em trajetória encerrada em 2015.
A parceria musical do novelista carioca com a intérprete baiana começou há 45 anos, quando a gravação de Grito de alerta (Gonzaguinha) – feita por Bethânia para o álbum Mel (1979) – embalou na novela Água viva (1980) o vaivém amoroso do casal protagonista Lígia Prado (Betty Faria) e Nelson Fragonard (Reginaldo Faria).
Quatro anos depois, em 1984, a voz de Bethânia foi ouvida em cenas da novela Corpo a corpo com a gravação de Pra eu parar de me doer, música então inédita de Milton Nascimento e Fernando Brant (1946 – 2015) apresentada pela cantora no álbum A beira e o mar (1984).
Uma década depois, em 1994, Maria Bethânia esteve na trilha sonora da novela Pátria minha com a gravação de Você (1974), música lançada 20 anos antes por Roberto Carlos e incluída pela cantora no álbum com o repertório de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, As canções que você fez pra mim (1993), disco no qual também abordou a mencionada canção Olha.
Em 1998, Bethânia integrou a trilha da última das quatro séries escritas por Gilberto Braga, Labirinto. A cantora teve incluída em Labirinto a gravação de Âmbar (Adriana Calcanhotto, 1996), música-título do álbum que lançara dois anos antes.
A volta de Maria Bethânia às novelas de Gilberto Braga aconteceu cinco anos após Labirinto. Na trilha sonora de Celebridade (2003), a cantora figurava com gravação da fatalista canção O que tinha de ser (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959).
Em 2007, a parceria de Maria Bethânia com Gilberto Braga atingiu ponto luminoso com a gravação inédita do samba-canção Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951), feita pela cantora para ser o tema de abertura de Paraíso tropical (2007), novela criada e escrita por Gilberto com Ricardo Linhares.
Em 2011, a exibição de Insensato coração apresentou na trama – também criada e escrita por Gilberto Braga com Ricardo Linhares – a gravação de Trocando em miúdos (Francis Hime e Chico Buarque, 1977) feita por Bethânia para a novela.
Quatro anos depois, a última novela de Gilberto Braga, Babilônia (2015), apresentou outra gravação inédita da cantora, Eu te desejo amor, versão em português de Nelson Motta da canção francesa Que reste-t-il de nos amours? (Charles Trenet e Léo Chauliac, 1942).
Sim, Maria Bethânia tem todas as coisas que Gilberto Braga sonhava ter nas trilhas sonoras das novelas e séries do escritor. Sobretudo uma grande voz, uma imensa habilidade de intepretação e um repertório da mesma dimensão.
Com a inclusão da canção Olha na trilha do remake de Vale tudo, a afinada parceria entre a cantora e o novelista transcende a saída de cena de Gilberto Braga há quatro anos.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.