Juventude transviada no Carnaval

Wilson Aquino*

No país do Carnaval, cuja fama sensual há décadas transcendeu fronteiras, atraindo turistas de todo o mundo, preocupa o número crescente de jovens mergulhados na bebida, no sexo desregrado e nas drogas.

Muitas famílias lutam, sem sucesso, para conter filhos e filhas, mesmo adolescentes, que desafiam os pais para participar de noitadas intermináveis.

Esse cenário tem levado a uma geração sem propósito, desconectada dos valores familiares e espirituais.

Não por acaso, os maiores índices de natalidade no Brasil ocorrem nove meses após o Carnaval. Também é preocupante o aumento de casos de aborto e suas consequências físicas e psicológicas.

O que se vê são jovens perdidos, desviados do caminho que os levaria a uma vida digna e honrada. Muitos deles fazem parte da chamada geração “nem-nem”, que não trabalha nem estuda.

Segundo o IBGE, mais de 4,3 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos encontram-se nessa condição, um reflexo da falta de perspectivas e do despreparo para o futuro.

Obviamente, há exceções. Há aqueles que participam dos festejos de Carnaval sem se entregarem aos excessos, mas estão em um ambiente repleto de armadilhas.

O maior problema está na maioria que age como se não houvesse amanhã, sem medir as consequências de seus atos.

Infelizmente, o poder público limita-se a campanhas superficiais que apenas incentivam o uso de preservativos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada, sem abordar a raiz do problema: a falta de orientação moral e espiritual.

Felizmente, existem famílias que conseguem guiar seus filhos para longe dessas tentações, incentivando-os a participarem de atividades edificantes.

Muitos jovens, ao invés de se perderem nos blocos de rua e nos excessos carnavalescos, escolhem simplesmente ficar em casa ou participar de eventos mais seguros e saudáveis, como acampamentos religiosos, durante o Carnaval.

Nesses eventos, eles praticam esportes, fortalecem os laços familiares e sociais, respeitam o próximo e, sobretudo, recebem ensinamentos preciosos sobre a Palavra de Deus.

A igreja desempenha um papel crucial na formação moral e espiritual da juventude. Como ensina Provérbios 22:6:

“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.”

É no alicerce cristão que a pessoa cresce e se fortalece como cidadão exemplar, capaz de diferenciar, com felicidade e segurança, o certo do errado. Daí a importância de se trabalhar essa aproximação.

Membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias enfatizam a importância de uma juventude focada em princípios elevados. Segundo o Élder Dieter F. Uchtdorf, “o verdadeiro propósito da vida não é se entregar a prazeres momentâneos, mas sim crescer espiritualmente e se preparar para um futuro de felicidade eterna.”

Jovens que seguem esses princípios sabem que devem “evitar a aparência do mal” (1 Tessalonicenses 5:22) e buscar o que é virtuoso, amável e digno de louvor.

Certamente, a presença de um jovem em meio ao Carnaval desregrado, rodeado por drogas, álcool e influências negativas, é uma situação de risco extremo que as famílias devem evitar a todo custo. Como alertou o apóstolo Paulo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).

A juventude precisa de diretrizes claras e exemplos sólidos dentro de casa e na comunidade. Cabe aos pais e líderes religiosos reforçarem esses ensinamentos, mostrando que há um caminho seguro, longe da destruição moral e espiritual. A verdadeira liberdade não está em fazer o que se quer, mas em escolher o que é certo. Afinal, como disse Jesus Cristo: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).

Não podemos ignorar essa crise silenciosa que destrói o futuro de tantos jovens e dilacera o coração de tantas famílias.

O que parece ser apenas uma diversão momentânea pode ter consequências irreversíveis, afastando esses jovens do caminho do bem e das oportunidades de uma vida digna.

Os efeitos dessa degradação ultrapassam a esfera individual, afetando a sociedade como um todo, tornando-a mais violenta, menos empática e mais distante dos princípios que sustentam uma convivência harmoniosa.

No entanto, há esperança. A solução não está apenas no combate às drogas ou no endurecimento das leis, mas na reconstrução de valores dentro do lar e no fortalecimento da fé.

A juventude precisa ser resgatada pelo amor, pela educação e pelo compromisso com princípios eternos.

É preciso oferecer caminhos alternativos, espaços de crescimento e aprendizado, onde esses jovens possam sentir o verdadeiro sentido da vida.

Como Cristo ensinou, Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). Seguir Seus ensinamentos é a única forma de iluminar o caminho daqueles que, hoje, vivem na escuridão da perdição, transviados.

 *Jornalista e Professor

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