Morre aos 88 homem do ‘sangue dourado’, que salvou 2 milhões de bebês

Morreu James Harrison, aos 88 anos, um australiano com um anticorpo raro no sangue que ajudou a salvar a vida de mais de 2 milhões de bebês.

Conhecido como “o homem do sangue dourado”, Harrison morreu dormindo em uma casa de repouso em Nova Gales do Sul, na Austrália. A família dele anunciou hoje o fato ao público, mas a morte aconteceu em 17 de fevereiro.

Australiano doou sangue mais de mil vezes, e já foi detentor de recorde mundial. Ele produzia um anticorpo raro, chamado de anti-D. O plasma de Harrison podia ser usado para tratar mulheres grávidas que sofriam de eritroblastose fetal condição em que o sistema imunológico da mãe reage ao bebê por uma incompatibilidade no sangue. Isso pode causar anemia, danos cerebrais, insuficiência cardíaca e morte de recém-nascidos.

Quando adolescente, Harrison precisou de um transplante de pulmão e recebeu várias transfusões de sangue. Depois disso, ele decidiu que se tornaria doador de sangue, o que fez uma vez a cada duas semanas dos 18 aos 81 anos —idade limite para doação de sangue na Austrália.

Filha disse que Harrison ficava feliz em poder ajudar. Em entrevista à BBC, Tracey Mellowship disse que o pai “tinha muito orgulho de ter salvado tantas vidas, sem nenhum custo ou dor”. “Ele ficava feliz em saber das muitas famílias como a nossa, que existem por causa da bondade dele.”

“SANGUE DOURADO”
Tipo sanguíneo raro. Cientificamente chamado de Rh nulo (Rhesus null), o tipo sanguíneo de James também é conhecido como “sangue dourado” devido à sua extrema raridade. De acordo com um artigo publicado na Biblioteca Nacional de Medicina (National Library of Medicine, ou NLM na sigla em inglês), a frequência do grupo sanguíneo é de aproximadamente 1 em 6 milhões de indivíduos.

Sem antígenos. Ele é caracterizado pela ausência completa ou quase completa de antígenos do sistema Rh (fator Rh) na superfície dos glóbulos vermelhos do sangue. Os glóbulos vermelhos são células que têm proteínas cobrindo sua superfície chamadas antígenos, e a presença ou ausência de antígenos específicos determina o tipo de sangue —o sangue do tipo A tem apenas antígenos A, o tipo B apenas B, o tipo AB ambos e o tipo O nem A nem B.

Afinal, é bom ou ruim? O sangue Rh nulo não apresenta problemas de saúde por si só, mas pode criar desafios quando uma pessoa precisa de transfusões sanguíneas, pois é compatível apenas com o próprio Rh nulo. Portanto, encontrar um doador para uma transfusão pode ser extremamente difícil.

Incompatibilidade no sangue. A doença de Rhesus, ou eritroblastose fetal, é uma enfermidade hemolítica causada pela incompatibilidade do fator Rh no sangue da mãe e do bebê. Ela acontece quando uma mãe de Rh negativo gera e dá à luz um bebê de Rh positivo, herdado do pai.

Pode causar morte. Nesses casos, a mãe produz anticorpos anti-Rh, que tentam destruir o agente Rh do feto, considerado “intruso”. Em uma segunda gravidez, esses anticorpos já presentes na corrente sanguínea podem atacar o feto com Rh positivo, destruindo suas hemácias (glóbulos vermelhos do sangue). Nos piores casos, isso pode resultar em danos cerebrais ou morte dos bebês.

Por isso, a produção do anti-D evita que as mulheres desenvolvam esses anticorpos durante a gestação. De acordo com a CNN, uma das filhas de Harrison precisou receber o antídoto.

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