Morre Luiza Batista, símbolo da luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas

A militante e sindicalista Luiza Batista faleceu neste sábado (1º), aos 68 anos, em decorrência de um câncer. Reconhecida como uma das maiores lideranças na defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil, Luiza dedicou sua vida à luta por dignidade, igualdade e justiça social, conquistando respeito nacional e internacional.

Seu sepultamento ocorre neste domingo (2), a partir das 7h, no Cerimonial Baptista, na rua Pedro Afonso, 438, bairro Santo Amaro, Recife. O enterro está marcado para às 14h, no Cemitério de Santo Amaro.

Uma trajetória marcada pela resistência

Nascida em 1956, em São Lourenço da Mata (PE), Luiza enfrentou desde cedo as durezas da vida. Filha de um cortador de cana, perdeu o pai aos 6 anos e, pouco depois, viu sua família morar nas ruas. Aos 9 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica em Recife, durante a ditadura militar, em uma casa onde sofreu maus-tratos e não recebia salário.

Resgatada pela mãe, passou a vender milho na porta da Igreja do Espinheiro. Com apenas 12 anos, voltou ao trabalho doméstico — uma realidade que a acompanhou por décadas, até que sua história se entrelaçou com a militância.

O primeiro passo na luta coletiva veio nos anos 1980, ao participar das reuniões do Conselho de Moradores do Morro da Conceição, batalhando por moradia digna. A atuação resultou na criação do bairro Passarinho, onde viveu até o fim da vida e ajudou a fundar o Espaço Mulher, um centro voltado ao apoio feminino.

A defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas se tornou sua principal bandeira a partir de 2006, quando se aproximou do Sindicato das Domésticas de Pernambuco (SINDOMÉSTICA/PE). Três anos depois, foi eleita presidenta da entidade, liderando-a por dois mandatos ao longo de nove anos.

Reconhecimento nacional e internacional

Em 2016, Luiza Batista assumiu a presidência da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), consolidando sua figura como referência não apenas no Brasil, mas também em toda a América Latina.

Sua atuação foi reconhecida por diversas organizações. A Fenatrad e o Conselho Nacional dos Trabalhadores Domésticos (CNTD) emitiram notas de pesar, ressaltando sua importância para a história da categoria.

O Ministério das Mulheres, por meio da ministra Cida Gonçalves, destacou a militância incansável de Luiza, enquanto a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) — que também foi empregada doméstica — a homenageou: “Luiza nos ensinou, com afeto e coragem, que a luta por dignidade nunca termina.”

A CUT Pernambuco também prestou sua homenagem, lembrando a simplicidade, a alegria e o compromisso de Luiza, que chegou a compor um frevo para o bloco carnavalesco feminista Mulheres CUTucando.

Legado e inspiração

Mesmo durante o tratamento contra o câncer, Luiza nunca se afastou da militância. Participava de reuniões, organizava eventos e apoiava novas lideranças, acreditando que o trabalho doméstico — historicamente invisibilizado — deveria ser reconhecido e valorizado.

Sua partida representa uma perda irreparável para os movimentos sociais e sindicais, mas sua trajetória segue viva, inspirando gerações de mulheres que lutam por um mundo mais justo.

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