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Médico explica que, em momentos de emoção intensa, adrenalina liberada no sangue faz a frequência cardíaca e a pressão arterial subirem. O g1 levou aparelho para medir os batimentos cardíacos de integrantes das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo. Camila Prins, rainha de bateria da Colorado do Brás, antes de desfile no Sambódromo do Anhembi, em 2025
Renata Bitar/g1
“Coração a mil” foi uma das frases mais repetidas na concentração do Sambódromo do Anhembi nas duas noites de desfile do Grupo Especial de São Paulo, no carnaval 2025.
Apesar de ser apenas um modo de falar para dimensionar a ansiedade que toma conta de cada um nos minutos que antecedem a festa na avenida do samba, a expressão também possui um “quê” de realidade.
“Quando a gente fica sob situações de ‘estresse’, a gente produz adrenalina. Ela acelera o coração e aumenta a pressão arterial”, diz o cardiologista Marcelo Franken, do Hospital Albert Einstein.
Pensando nisso, o g1 levou um oxímetro ao Sambódromo e propôs um experimento a diferentes integrantes das escolas de samba: fazer uma medição minutos antes de entrarem na avenida.
🔎 O oxímetro é um aparelho capaz de medir o índice de oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos de uma pessoa por meio do dedo indicador.
Segundo o médico, em condições de relaxamento, as pessoas costumam registrar uma média de 60 a 100 batimentos por minuto, podendo variar conforme o condicionamento físico de cada um.
Aos 36 anos, Carlos Souza fez parte da comissão de frente da Barroca Zona Sul. Com o rosto coberto por uma maquiagem artística cor de chumbo, foram registrados 109 batimentos por minuto, índice que saltou para 142 ao fim do desfile.
Karla Souza, a primeira porta-bandeira da história da Império de Casa Verde, voltou a encarar a avenida neste sábado (1º), depois de 15 anos, para cobrir a ausência de uma colega que teve problemas de saúde na véspera da apresentação da agremiação.
Prestes a cruzar a avenida, Karla se disse muito nervosa. Seu coração registrava 116 batimentos por minuto. Após quase uma hora de apresentação, já na dispersão, ela precisou de um tempo para se recuperar – tomou água, se abanou com um leque e recebeu massagem na mão. No peito, apenas a “sensação de dever cumprido”.
“Na maior parte das vezes, o que as pessoas têm é bem-estar, com endorfinas [hormônios do prazer], satisfação, objetivo atingido. Mas, após um esforço físico intenso, quando você chega ao limite, pode ter um “efeito rebote”, com redução da frequência cardíaca além do esperado e queda de pressão, podendo levar a quadros de tontura e sensação de mal-estar”, diz o cardiologista.
Ainda na concentração da Império, o g1 se deparou com um dos destaques de chão, fantasiada de Madame Bovary, colocando a mão sobre o peito, transparecendo nervosismo.
Naty Souza estava a ponto de fazer seu quinto desfile pela escola, mas sentia como se fosse o primeiro. “Não vou infartar não, né?”, questionou em tom de brincadeira durante a medição. O resultado foi de 123 batimentos por minuto, o que, considerando os nervos à flor da pele, está dentro do esperado.
Ansiedade e expectativa aceleram corações antes de desfiles em sambódromo de SP