O texto de hoje seria sobre o renomado gestor americano Howard Marks e seu último memo. Porém depois dá última BTG Conference de terça-feira, não poderia falar de outro tema senão a fala de outro renomado gestor.
O brasileiro da SPX, Rogério Xavier falou sobre economia brasileira, eleições e Estados Unidos. Com seu humor ácido falou sobre eleições, criticou o Congresso e mostrou uma visão pessimista para ações no Brasil.
No final, perguntado sobre o ativo para se ter nesse cenário atual, o gestor foi curto e grosso. Acompanhe os melhores momentos:
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Economia Brasil
Em dezembro de 2024, o Banco Central vendeu uma quantidade significativa de dólares, mas, segundo Rogério Xavier, esse montante não se compara ao volume que será vendido em dezembro de 2025.
Há uma percepção no mercado de que as ações brasileiras estão baratas, mas, para ele, é difícil enxergar de onde vem essa visão considerando as perspectivas atuais da economia.
Ele destaca que “a inflação nunca mais cai se a gente não encarar definitivamente a questão do déficit”, alertando para os riscos fiscais do país.
Para ele, o Brasil destruiu o tripé macroeconômico: não há mais um sistema efetivo de metas de inflação, o superávit primário foi comprometido, e há um grande esforço para enfraquecer o regime de câmbio flutuante. Ele acredita que, em dezembro deste ano, essa estrutura econômica poderá ser desmantelada de vez.
Congresso Nacional
Rogério Xavier não acredita que os problemas fiscais sejam exclusivamente deste governo. Para ele, “o grande câncer do Brasil se chama Congresso Nacional“. Ele critica a atuação parlamentar, destacando as emendas impositivas, a derrubada de vetos presidenciais e a aprovação de medidas provisórias como mecanismos que ampliam a pressão por mais gastos públicos. Segundo ele, não há ideologia que controle a “sanha” dos políticos por gastar mais.
Ele menciona dois exemplos recentes: a proposta de reoneração da folha de pagamento feita pelo Ministro da Economia, que foi vetada pelo Congresso, e a proposta de reduzir os privilégios do Judiciário, que sequer foi votada. Para ele, “falta vergonha na cara da sociedade“, pois ninguém quer abrir mão de seus próprios privilégios.
Outro ponto crítico levantado é o sistema de incentivos vigente. Na sua visão, enquanto o foco dos parlamentares for a própria reeleição em vez de servir ao povo, o sistema não funcionará. “O job description do congressista é se reeleger”, afirma ele.
Eleição 2026
Ao comentar sobre as eleições de 2026, Rogério Xavier fez uma analogia com a Argentina, onde Macri foi eleito em um clima de euforia, mas não conseguiu avançar em reformas estruturais. Para ele, um presidente novo pró mercado não é garantia de mudança efetiva.
Sobre o cenário político brasileiro, ele avalia que Tarcísio de Freitas pode não estar interessado em concorrer à presidência, e sua candidatura dependerá da postura de Jair Bolsonaro. Com uma dose de humor, ele levanta a hipótese de que Bolsonaro pode ser preso e, ainda assim, ter um papel determinante na próxima eleição. Depois de uma reação do público: “Vocês têm dúvida? Até ele acha que vai ser preso”, comentou, arrancando risos da plateia.
Ele lembra que, em 2018, mesmo preso, Lula tinha 35% das intenções de voto e conseguiu transferir 45% para Fernando Haddad no segundo turno. Segundo ele, Bolsonaro terá um papel crucial e é mais provável que ele apoie um de seus filhos ou esposa em vez de Tarcísio.
Xavier destaca ainda um paradoxo: se a situação econômica melhorar, com queda do dólar e da inflação de alimentos, a popularidade de Lula tende a aumentar. No entanto, isso pode levar os investidores que estão comprando ativos agora a abandonarem suas posições por falta de horizonte claro. Segundo o gestor, quem comprou no começo do ano por esse motivo é ‘‘mão fraca’’. Ele não consegue fazer um trade pensando em 20 meses pra frente.
Ele destaca que o PT começa a corrida eleitoral com cerca de 25% do eleitorado e, por isso, estará no segundo turno, em uma disputa que tende a ser acirrada.
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Trump e os EUA
Sobre os Estados Unidos, Rogério Xavier acredita que as políticas de Donald Trump podem aumentar a percepção de risco dos investidores estrangeiros, que passarão a exigir maiores retornos. Ele prevê um aumento significativo na inclinação da curva de juros (steepening) nos EUA.
Para ele, tanto EUA como Brasil têm um “encontro marcado com a dívida“, e essa preocupação é um dos fatores que explicam a recente valorização do ouro como ativo de proteção.
Ativo para o futuro
Ao encerrar o painel, André Esteves perguntou a Rogério Xavier qual ativo ele considera essencial ter em meio a esse cenário de incertezas. A resposta de Xavier foi direta: Dólar…
O evento também contou com a presença de André Jakurski da JPG e Luis Stuhlbergher da Verde. Com base nas falas de Xavier, podemos supor que seu portfólio deve estar pessimista com ações no Brasil, apostando em uma manutenção da inflação em alta e em novas valorizações do dólar contra o real, principalmente para o final do ano.
Esse cenário pintado de quebra total dos 3 pilares do tripé econômico com o sistema de câmbio sendo colocado em xeque no final do ano seria bastante prejudicial para a economia e os ativos nacionais. Nesse ambiente, nem um juros de 15% seguraria o dólar contra o real.
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