A taxa de desemprego no Brasil subiu para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice representa um aumento de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (até outubro), quando a taxa era de 6,2%.
Apesar da alta pontual, o percentual segue como o menor para os trimestres até janeiro na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012. A última vez que esse patamar foi registrado foi no período até janeiro de 2014.
A nova taxa veio ligeiramente abaixo das expectativas do mercado financeiro. Economistas consultados pela agência Bloomberg previam um índice de 6,6% para o período. O resultado reforça um cenário de recuperação sustentada do emprego, mesmo com os desafios da sazonalidade e da conjuntura econômica global.
Segundo William Kratochwill, analista do IBGE, o leve aumento do desemprego pode ser interpretado como um efeito sazonal característico dos primeiros meses do ano. O fenômeno ocorre devido ao encerramento de contratos temporários, principalmente no comércio e em serviços ligados às festas de fim de ano, além do término de contratações no setor público, como na educação e na saúde.
Outro ponto relevante é que o mercado de trabalho brasileiro parece retomar padrões de sazonalidade observados antes da pandemia de Covid-19. Com isso, o impacto das demissões temporárias se tornou mais previsível, diferentemente dos anos anteriores, quando o mercado sofreu oscilações atípicas.
7,2 mi desempregados
O contingente de pessoas desempregadas no Brasil chegou a 7,2 milhões no trimestre até janeiro, representando um crescimento de 5,3% (ou 364 mil pessoas a mais) em relação ao período anterior. Contudo, na comparação com o mesmo trimestre de 2024, houve uma queda expressiva de 13,1%, equivalente a 1,1 milhão de pessoas que saíram da estatística do desemprego.
Já a população ocupada totalizou 103 milhões de trabalhadores no período analisado. Esse número representa uma queda de 0,6% (641 mil vagas a menos) em relação a outubro, mas um avanço de 2,4% (2,4 milhões de pessoas a mais) na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
A taxa de informalidade, que mede o percentual de trabalhadores sem registro formal, ficou em 38,3% no trimestre encerrado em janeiro, contra 38,9% no trimestre anterior. Em números absolutos, a informalidade caiu de 40,3 milhões para 39,5 milhões de trabalhadores.
Mesmo com a oscilação no nível de ocupação, a renda média real do trabalhador brasileiro bateu um novo recorde na série histórica do IBGE, atingindo R$ 3.343 no trimestre até janeiro. O valor representa um aumento de 1,4% em relação ao período encerrado em outubro (R$ 3.298) e de 3,7% na comparação anual com o trimestre até janeiro de 2024 (R$ 3.224).
Kratochwill explica que esse crescimento da renda pode ser atribuído a dois fatores principais. O primeiro é a manutenção de um mercado de trabalho relativamente aquecido, apesar do aumento do desemprego pontual. O segundo fator está na redução da informalidade, uma vez que o fechamento de postos de trabalho ocorreu, em grande parte, em ocupações informais, que tendem a pagar menos. Com menos trabalhadores informais na média salarial, o valor da renda geral dos ocupados subiu.
Esse fenômeno já havia sido observado anteriormente, como no auge da pandemia de Covid-19, quando o rendimento médio também registrou um pico devido à saída de trabalhadores informais do mercado. O recorde anterior da série havia sido no trimestre até julho de 2020, quando a renda chegou a R$ 3.335.
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