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O azeite é um produto muito presente no dia a dia dos brasileiros, sendo usado tanto nos preparos das refeições quanto para aquele “toque final” de sabor. Com a alta dos preços no Brasil, é natural que os consumidores procurem formas de manter o produto em suas cozinhas, mas fazendo as compras certas, com o melhor custo-benefício.
O Portal iG conversou com o gastrônomo Eduardo Maya para descobrir quais fatores são determinantes para um produto de qualidade.
Ele explicou que não tem mistério: se quiser um azeite bom, para consumir no dia a dia, basta ficar atento a três fatores: a procedência, a data de envase e se o azeite é extravirgem.
“A chave é comprar azeites que você conheça o rótulo, porque não podemos provar os azeites nas gôndolas, mesmo em lojas especializadas aqui no Brasil. Lá fora a gente prova o azeite que vai comprar”, explica.
“Então, comece por rótulos conhecidos ou lojas que você confie, supermercados da sua confiança, que não vão colocar produtos falsificados na gôndola”, continua Maya.
Por que a data de colheita é importante?
“O azeite é inversamente proporcional ao vinho: você tem que comprar o mais fresco, com data de fabricação mais próxima possível”, diz. E isso porque o produto começa a oxidar a partir do momento em que é extraído, logo, perde suas propriedades com o passar do tempo.
Também é necessário observar a origem do azeite, sobretudo se for importado de regiões como a Europa, onde países como Portugal são grandes produtores. O processo de produção começa na colheita das azeitonas, que ocorre geralmente na época de maturação dos frutos, entre o final do outono e o inverno.
Após a colheita, o azeite passa por uma série de etapas até estar pronto para o consumo, inclusive a exportação. Isso pode somar vários meses até a chegada ao consumidor final. Então, por exemplo, se você comprou um azeite nesta semana, ele pode ter sido ‘colhido’ ainda no ano de 2023.
Também é importante se atentar ao armazenamento: embalagens escuras, que evitem que o produto seja afetado pela claridade e perca suas propriedades.
Azeite de oliva ou extravirgem?
De acordo com Maya, não há dúvidas que o azeite extravirgem é o melhor para consumo. Isso porque ele passa apenas por processos mecânicos, que tentam extrair o máximo do “suco” das azeitonas sem produtos químicos.
Já o azeite de oliva, por outro lado, é submetido a vários processos químicos para maximizar a extração do óleo dos frutos. Mesmo com tentativas de eliminar os resíduos dos solventes utilizados, esses produtos ainda contêm traços desses compostos, que são, então, misturados ao azeite extravirgem para corrigir o sabor e o aroma. Isso faz com que o azeite de oliva tenha qualidade inferior e menos benefícios nutricionais em comparação com o extravirgem.
“Não recomendo a ninguém o azeite de oliva. Sempre que for comprar, busque o extravirgem”, diz ele.
Selos de qualidade
Segundo o Empório do Azeite, uma das formas de garantir que o azeite escolhido é de qualidade é observar se há algum selo de autenticação no rótulo. Os principais selos que garantem a qualidade dos produtos são a Denominação de Origem Controlada (DOC), a Denominação de Origem Protegida (DOP) e o selo orgânico.
O DOC é um selo francês que assegura que um produto, como vinhos ou queijos, foi produzido em uma região específica, com métodos tradicionais e qualidade controlada.
A DOP, um selo europeu, garante que tanto a origem quanto todo o processo de produção em uma região delimitada seguiram padrões rigorosos de segurança.
Já o selo orgânico marca o cultivo do alimento sem pesticidas ou fertilizantes sintéticos, para assegurar práticas agrícolas mais sustentáveis e produtos mais saudáveis.
E os azeites “premium”?
“Um bom azeite é igual um bom café. Existe o café gourmet e o café normal, e o gourmet, por exemplo, o produtor cuidou, colheu os grãos no tempo certo. Então, o café dele vai ser melhor que o dos outros, porque o processo de produção é diferente”, explica Maya. Marcas impróprias para o consumo O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) emitiu um alerta ao consumidor, divulgando uma lista de marcas de azeite de oliva desclassificadas por fraude. As ações de fiscalização, realizadas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), resultaram no recolhimento de 30.990 litros de azeite nos meses de novembro e dezembro de 2024. As análises realizadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) confirmaram a presença de outros óleos vegetais na composição dos produtos. Isso contraria os padrões estabelecidos pela Instrução Normativa nº 01/2012, que regulamenta a identidade e qualidade do azeite de oliva. Confira as marcas desclassificadas abaixo:
Marca: DOMA Lote: 2024 Empresa Responsável: DOMAZZI S.A. UF (Embalador): SC Irregularidade: Produto desclassificado Marca: AZAPA Lote: 2024 Empresa Responsável: MASTER ATS SUPERMERCADOS LTDA. UF (Embalador): SP Irregularidade: Produto desclassificado Vender esses produtos configura uma infração grave, e os estabelecimentos que mantiverem a comercialização poderão responder legalmente. O Mapa orienta os consumidores que adquiriram essas marcas a interromper imediatamente o uso dos produtos e buscar a substituição. Os consumidores podem denunciar a venda de produtos fraudulentos pelo canal oficial Fala.BR, informando o local de compra.