Havaianos unem forças para substituir canoa ancestral perdida nos incêndios de Maui

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Histórica canoa Moʻele antes de ser destuída pelos incêndios florestais que atingiram Lahaina em 2023

Após a destruição da histórica canoa ancestral Moʻele pela série de incêndios florestais que atingiram Lahaina, a capital da ilha de Maui, no Havaí, em agosto de 2023, a comunidade local se mobilizou para manter viva uma tradição polinésia que atravessa gerações. Agora, com a ajuda de voluntários, empresas de transporte, uma construtora de canoas e o Departamento de Terras e Recursos Naturais (DLNR), a organização Hui O Waʻa Kaulua trabalha na construção de uma nova canoa, a Nāleilehua.

A Moʻele, criada há 50 anos, estava no parque à beira-mar em Lahaina, na famosa Front Street, quando foi consumida pelas chamas. Timothy “Timi” Gilliom, capitão e construtor da Moʻele e outras canoas ancestrais, como a Mo‘okiha O Pi‘ilani, é também o responsável por liderar a construção da nova embarcação. Ele relembra com tristeza o momento em que precisou evacuar a cidade: “Quando olhei para a Moʻele, sabia que nunca mais a veria. Ela já estava pronta para partir.”

A construção de canoas polinésias é um processo complexo, demorado e custoso, carregado de significado cultural havaiano. Por isso, a solidariedade foi essencial. Por meio de doações e conexões locais, toneladas de koa — madeira nobre e tradicionalmente usada nessas embarcações —, transporte terrestre, marítimo e cascos de fibra de vidro foram fornecidos para o projeto.

Hugo Sanchez Incêndio Maui
Cidade de Lahaina foi praticamente destruída pelo incêndio de 2023. Foto: Vince Carter

A Nāleilehua terá 44 pés de comprimento, dois a mais que a Moʻele, mantendo o mesmo estilo de vela em forma de garra de caranguejo e outras características tradicionais. A organização Hui O Waʻa Kaulua, que antes operava em Lahaina, agora está baseada em Kahului.

Um dos momentos mais marcantes dessa corrente de apoio veio quando David Tsuchiya, superintendente distrital da Divisão de Parques Estaduais (DSP) da DLNR, doou 22 mil libras (cerca de 10 toneladas) de koa. Parte da madeira foi recolhida de árvores caídas no Parque Estadual de Kokeʻe, geralmente destinadas a leilões públicos. Contudo, segundo Curt Cottrell, administrador da DSP, não houve dúvidas sobre a decisão: “Os Parques Estaduais preferiram doar essa koa para a Nāleilehua.”

A longa jornada da koa até Maui também contou com o apoio do caminhoneiro Timmy Lopez, que transportou o contêiner até o porto, e da empresa Pasha-Hawaiʻi, que ofereceu o transporte marítimo a preços reduzidos.

A tradição viva nas mãos dos herdeiros

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Makai Lorenzo e Timothy “Timi” Gilliom trabalhando na construção da nova canoa em Lahaina. Foto: Maui News / Reprodução

A Nāleilehua é mais que uma canoa: é um elo entre o passado e o futuro. Para Makaio Lorenzo, envolvido na construção da embarcação, esse trabalho é profundamente simbólico. Com ascendência ligada a Piʻiilani, a mesma região onde a Moʻele foi criada, ele vê o projeto como uma continuidade ancestral.

“A Nāleilehua combina tradição e modernidade. Ela parece tradicional, mas temos peças mais modernas, como tampas de fibra de vidro para os compartimentos de armazenamento. Tenho certeza que nossos kūpuna (ancestrais) também tinham algo parecido, mas agora fazemos com outros materiais mais práticos”, explicou Lorenzo.

O sonho de Lorenzo é um dia se tornar capitão da Nāleilehua, uma perspectiva que o emociona: “Penso nela toda noite. Não sei como vou reagir quando ela estiver pronta. Não sei se vou chorar, se vou ficar em silêncio. Não faço ideia”.

A previsão é que a Nāleilehua fique pronta ainda este ano, levando adiante o legado da Moʻele e reafirmando a força da tradição havaiana, impulsionada pelo espírito coletivo e pela resistência cultural da comunidade de Maui.

Fonte: Maui News

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