O Ciclo da Avicultura em 2025 promete um salto na produção de frango, com o Brasil projetando alta de até 6,7% e os EUA alcançando 5,7%. Esses números, impulsionados por ajustes em eclosão, mortalidade e pesos de abate, sugerem uma oferta robusta que pode impactar os preços globais. A análise reflete tendências atuais e projeções do BTG Pactual divulgadas em 18/02/2025.
Receita líquida cresce no Ciclo da Avicultura em 2025
O Ciclo da Avicultura, que tradicionalmente leva nove meses desde a postura de ovos até o abate, está se preparando para uma expansão significativa em 2025. No Brasil, a capacidade de alojamento de pintinhos deve crescer de 7,15 bilhões em 2024 para 7,4 bilhões, um aumento de 3,3%, mesmo sem avanços adicionais em outros indicadores. Esse crescimento é sustentado por uma postura de ovos por matriz 6% maior em 2024, que saltou de níveis anteriores devido a margens historicamente altas, incentivando produtores a maximizar a produtividade das aves existentes. Em comparação com 2023, quando os investimentos foram tímidos devido a margens reduzidas, 2024 registrou uma produção de carne de frango 3,1% maior, com aceleração nos últimos meses do ano, atingindo uma média diária de 24,5 milhões de pintinhos alojados entre setembro e dezembro.
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Nos EUA, a oferta também mostra sinais de recuperação, podendo crescer 1,9% apenas mantendo os níveis de 2024, mas com potencial de atingir 5,7% se houver melhorias. Em 2024, a produção americana avançou apenas 0,6%, limitada por uma mortalidade elevada de 13,6% e uma taxa de eclosão de 77,4%, ambas piores que os 10,9% e 77,9% de 2023. O aumento de 2,5% na produção de ovos por matriz e o peso médio de abate subindo para 2,99 kg no 4T24 (ante 2,96 kg na média anual) ajudaram a compensar a queda no número de abates. Comparando os dois países, responsáveis por 58% das exportações globais de frango, o Brasil se destaca pela gestão mais eficiente da cadeia de suprimentos, enquanto os EUA dependem mais de ajustes no peso das aves para sustentar a oferta.
A receita do setor avícola deve se beneficiar dessa expansão, especialmente no Brasil, onde o aumento na colocação de pintinhos e a perspectiva de maior eficiência na conversão alimentar podem elevar os volumes comercializados. Nos EUA, o crescimento mais modesto reflete desafios estruturais, mas ainda contribui para um cenário de oferta abundante que pode pressionar os preços no mercado internacional.
Lucro líquido e EBITDA mantêm crescimento
O Ciclo da Avicultura enfrenta desafios que influenciam diretamente os resultados financeiros, como os gargalos genéticos que reduziram a eclodibilidade e aumentaram a mortalidade. No Brasil, a taxa de eclosão caiu para 71,5% em 2024, ante a média histórica de 72,7%, enquanto a mortalidade subiu para 9,7%, contra 8,8% em 2023. Se esses indicadores voltarem aos patamares anteriores e o peso médio de abate se mantiver em 2,14 kg (ligeira alta sobre os 2,13 kg de 2024), a produção pode crescer 6,7% em 2025. Isso reflete um potencial de lucro líquido maior, já que o volume adicional de frango abatido pode compensar eventuais quedas nos preços por unidade devido ao aumento da oferta.
Nos EUA, o cenário é semelhante, mas com nuances. A eclosão em 2024 foi de 77,4%, inferior aos 77,9% de 2023, e a mortalidade atingiu 13,6%, contra 10,9% no ano anterior. Com o número de ovos por matriz subindo 0,8% no 4T24 e o peso de abate alcançando 2,99 kg, a projeção é de uma oferta 5,7% maior em 2025, caso esses indicadores melhorem. O EBITDA do setor deve se manter em crescimento, especialmente no Brasil, onde a eficiência na conversão alimentar e o aumento na colocação de pintinhos sustentam margens positivas, mesmo em um cenário de preços potencialmente mais baixos.
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A tabela abaixo resume os principais indicadores financeiros e operacionais:
Indicador
|
Brasil 2024 (Real)
|
Brasil 2025 (Projeção)
|
Variação (%)
|
EUA 2024 (Real)
|
EUA 2025 (Projeção)
|
Variação (%)
|
---|---|---|---|---|---|---|
Oferta de Frango (a/a)
|
3,1%
|
6,7%
|
+3,6%
|
0,6%
|
5,7%
|
+5,1%
|
Colocação de Pintinhos
|
7.150 milhões
|
7.400 milhões
|
+3,3%
|
–
|
–
|
+1,9%
|
Taxa de Eclosão (%)
|
71,5%
|
72,7%
|
+1,7%
|
77,4%
|
77,9%
|
+0,6%
|
Mortalidade (%)
|
9,7%
|
8,8%
|
-9,3%
|
13,6%
|
10,9%
|
-19,9%
|
Peso Médio de Abate (kg)
|
2,13
|
2,14
|
+0,5%
|
2,96
|
2,99
|
+1,0%
|
Esses números mostram que, apesar dos desafios, o Ciclo da Avicultura pode sustentar um crescimento robusto, com impactos positivos no lucro líquido e no EBITDA, especialmente no Brasil, onde os ajustes na cadeia de suprimentos têm sido mais eficazes.
Investimentos e perspectivas para 2025
Os investimentos no Ciclo da Avicultura em 2025 devem se concentrar na recuperação das taxas de eclosão e na possível expansão dos plantéis de matrizes, que caíram para 59 milhões no Brasil e 61 milhões nos EUA em 2024, ante 61 milhões e 63 milhões em 2023, respectivamente. No Brasil, a indústria parece estar se ajustando gradualmente, com produtores relatando capacidade para alojar 7,4 bilhões de pintinhos sem grandes aportes adicionais, desde que a eclosão melhore para 72,7% e a mortalidade recue para 8,8%. Nos EUA, o foco está em reduzir a mortalidade de 13,6% para níveis mais gerenciáveis, como os 10,9% de 2023, enquanto os pesos de abate devem se manter elevados em 2,99 kg, uma estratégia consolidada em 2024 para compensar a queda no número de abates.
Para os acionistas, o aumento da oferta traz um cenário misto. Empresas como a BRF, mais exposta ao setor avícola, podem enfrentar compressão de margens devido à pressão baixista nos preços, enquanto a JBS, única ação com recomendação de compra pelo BTG Pactual no setor de Alimentos e Bebidas, se beneficia de um balanço sólido e operações diversificadas. A Marfrig, por sua vez, segue vulnerável, com seu valor de mercado influenciado pela participação na BRF. Analistas do BTG Pactual, como Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, preveem que 2025 será um ano de ajustes no Ciclo da Avicultura, com a oferta global podendo superar a demanda e alterar a dinâmica de lucratividade do setor.
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No contexto de mercado, o Brasil está bem posicionado para manter sua liderança nas exportações, mas o aumento projetado de 6,7% na oferta pode reduzir os spreads de frango, que historicamente reagem rapidamente a picos de produção. Nos EUA, o crescimento de 5,7% reforça a tendência de oferta abundante, mas a dependência de pesos mais altos limita a flexibilidade para ajustes rápidos. Em ambos os casos, o Ciclo da Avicultura em 2025 será definido pela capacidade dos produtores de equilibrar eficiência operacional com as pressões de um mercado potencialmente saturado.
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