O voo com 94 novos deportados dos Estados Unidos (EUA) chegou ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, na manhã desta sexta-feira (21), aproximadamente às 10h55. Entre os repatriados, estão 9 crianças, 2 idosos e 2 homens com mandado de prisão emitido pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), pelos crimes de roubo e facilitação de entrada de pessoas nos EUA. De acordo com a secretária executiva do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Janine Mello, cerca de 75% dos deportados são homens e 20% de núcleos familiares, incluindo uma família de cearenses. 13 passageiros ficaram em Fortaleza e outros 81 foram para Minas Gerais (MG).
“A operação está correndo normalmente, conforme o combinado. A ação de acolhimento tem exatamente a intenção da gente entender as particularidades destas famílias e destas pessoas. Mas, temos sempre a preocupação com a não generalização. São casos muito heterogêneos e diversos”, detalha a titular do MDHC sobre a acolhida dos repatriados em Fortaleza.
Entre os deportados, está uma família de cearenses, que segundo as autoridades, preferiram realizar o desembarque somente em Confins, em Belo Horizonte (MG), pois irão morar em São Paulo. Além da família, outros cearenses também vieram no voo, mas decidiram permanecer em Fortaleza. 79 dos 94 repatriados devem embarcar no voo da Força Aérea Brasileira (FAB), para MG. Outros passageiros decidiram ficar em Fortaleza, mas com a intenção de embarcar para outros estados.
Recepção dos repatriados
A sensação entre os repatriados é de mais alegria e alívio, se comparado aos primeiros voos de deportação, de acordo com a titular da secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih-CE), Socorro França
“Desta vez eu senti algo diferente, eles vieram muito mais animados do que da vez passada. Notadamente eles foram mais bem atendidos do que das vezes passadas. Portanto, não tem tanta emoção quanto nós vimos no primeiro voo”, afirma a titutar da Sedih.
Ao chegarem em solo brasileiro os repatriados contam com atendimento multiprofissional com psicólogos, assistentes sociais, médicos, além de receberem “kits” de alimentação e higiene.
Problemas com a justiça
Os dois homens que estavam com mandado de prisão pela Interpol seguiram para cumprir os procedimentos judiciais. Conforme detalha José Simões de Oliveira Franco, superintendente regional da Polícia Federal (PF), eles devem ser conduzidos para o Instituto Médico Legal (IML) para dar seguimento aos procedimentos.
“Eles estavam foragidos da Justiça brasileira e havia, como eu mencionei, uma Red Notice, que é uma difusão vermelha da Interpol, que é para o mundo inteiro procurar e prender onde estiver. Eles vão para o IML fazer os procedimentos legais de saúde e, em seguida, vão ser apresentados aqui no Sistema Penitenciário estadual. E aí fica a critério da Justiça de cada unidade que decretou o mandado de prisão”. afirma José Simões
Há também o caso de uma criança americana filha de brasileiros que não tem documentação nacional. Em coletiva realizada no Aeroporto de Fortaleza, Edilson Santana Filho, defensor regional dos direitos humanos da Defensoria Pública da União (DPU), detalha o caso.
“Ela não se cadastrou no Consulado, portanto ela é americana, e acabou ingressando com visto de turista. Isso quer dizer que os Estados Unidos deportaram uma americana para o nosso País”.
Em janeiro a Justiça dos Estados Unidos derrubou a ordem executiva assinada por Donald Trump que acabava com o direito de cidadania norteamericana a crianças nascidas em solo norte americano filhas de pais em situação de imigração ilegal nos EUA.
Este é o terceiro voo com repatriados que chega ao Brasil e o segundo que pousa em terras cearenses desde o início do segundo mandato de Donald Trump. Fortaleza, foi escolhida como primeiro ponto de desembarque para os repatriados para evitar que os brasileiros fiquem mais tempo algemados dentro do avião, conforme o presidente Lula. O voo veio de Alexandria, na Louisiana, e realizou uma parada em Porto Rico.
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