Burnout está entre as principais causas de afastamento profissional, segundo a OMS

Conhecida popularmente como esgotamento profissional, a Síndrome de Burnout é um estado de exaustão extrema causado pelo estresse crônico relacionado ao trabalho. A síndrome passou a ocupar uma nova classificação na lista de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização passou a considerar essa síndrome como uma questão de saúde pública, incluindo-a na lista de doenças ocupacionais.

A mais recente classificação da OMS passou a entrar em vigor no Brasil desde janeiro deste ano. Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMT), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam esse problema, fazendo com que o país ocupe a segunda posição no ranking mundial de casos e sendo a principal causa de afastamento do trabalho como explica professora universitária e psicóloga clínica, Renata Bezerra – CRP 11/15161.

“Burnout está entre as principais causas de afastamento profissional. No Brasil, transtornos mentais e comportamentais já representam uma das maiores razões para licenças médicas, e o Burnout tem sido cada vez mais reconhecido como um fator que leva a esse afastamento. Empresas e organizações precisam olhar com mais atenção para o bem-estar dos trabalhadores, promovendo um ambiente saudável e estratégias de prevenção”, explica a psicóloga.

Na maioria das vezes, o que parece apenas um cansaço físico já é um sinal claro da síndrome, foi o que aconteceu com o professor universitário Francisco Chagas, 45, (usaremos nome fictício, pois a pessoa não quis se identificar, a fim de não lhe prejudicar). Em maio de 2023, o professor começou a notar cansaço físico, sendo acometido por uma crise de ansiedade. Entretanto, ele achou que era apenas por conta das tarefas diárias do trabalho e que passaria logo, o levou ao profundo desânimo e falta de motivação.
“Pensei que fosse tão somente um cansaço, fadiga devido à falta de dia de lazer, viagem de férias, uma aliviada no ritmo simplesmente. Mas ao invés de passar, se tornou algo recorrente, ao ponto de, em outubro de 2023, ter passado numa noite pelo quadro de insônia, uma forte dor, um aperto no peito, acompanhado de um pensamento de morte como solução e crise de choro”, relembra Francisco.
A partir daquele momento Francisco percebeu a real situação e que não deveria ignorar seus sentimento e emoções, foi então que decidiu buscar ajuda profissional para uma solução e um tratamento adequado, pois segundo ele conseguiria passar por tudo sozinho, pois tinha a visão que “tem que ser forte”. Foi então que, em novembro de 2023, começou a terapia com o psicólogo e em abril de 2024 com o psiquiatra.

“Ali percebi ser sério, desci da minha pretensão de ignorar minhas emoções em meio às exigências de ambientes e pessoas tóxicos no exercício da minha função. No fundo, há uma ilusão de que tem que ser forte, de suportar ingratidão, perseguição, irritabilidade e cobranças extremas. Mas não. Não somos máquinas. Aliás, até elas precisam desligar para não sofrer aquecimento e danos. Em novembro de 2023, comecei a terapia com o psicólogo e em abril de 2024 com o psiquiatra”, conta o professor.

Tratamento
Segundo Renata, o tratamento para o Burnout envolve mudanças no estilo de vida, reorganização da rotina de trabalho e, claro, em casos mais extremos, uso de medicações e acompanhamento psicológico e médico. Além de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
“A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz, pois ajuda a identificar padrões de pensamento disfuncionais, desenvolver estratégias de enfrentamento e melhorar a regulação emocional. Além da terapia, hábitos como sono adequado, alimentação equilibrada, pausas estratégicas e o fortalecimento do suporte social são essenciais para a recuperação”, conta a psicóloga.

No caso do professor universitário, o seu tratamento envolveu medicações, afastamento no período de um ano das suas funções de trabalho, além de cuidados com alimentação, atividade física.
“O psiquiatra passou medicação duas vezes ao dia e outra antes de dormir e me deu atestado de um ano de afastamento do ambiente de trabalho, associado à atividade física, reeducação alimentar, cuidados com saúde e tempo para descanso, lazer e convívio com familiares e amigos. Em 09 de janeiro de 2025, antes de completar um ano de atestado, recebi alta, mantendo a medicação reduzida por mais 4 meses”, afirma Francisco.
Francisco retornou às atividades assumindo outra função e atualmente reside em outro estado. Segundo ele, é “algo que tem dado certo, mesmo com o desconforto inicial e natural de mudar de cidade e trabalho”, finaliza.

Sintomas

  • Exaustão emocional;
  • Despersonalização;
  • Redução da realização pessoal.

Por Dalila Lima

O post Burnout está entre as principais causas de afastamento profissional, segundo a OMS apareceu primeiro em O Estado CE.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.