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Carl Von Clausewitz, militar e teórico prussiano, notabilizou-se por criar a frase: “guerra é a política por outros meios”.
O conflito Ucrânia e Rússia iniciou-se por razões políticas — apenas em segundo plano por razões militares — e pode terminar em meio a uma negociação política da qual a Ucrânia sequer foi convidada a tomar parte. EUA e Rússia estão conversando para pôr fim ao conflito e isso pode ser uma notícia muito ruim para a Ucrânia.
Rememorando, os atritos entre ucranianos e russos se iniciaram quando a Ucrânia decidiu instalar em seu território uma base da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, organização tradicionalmente hostil à antiga União Soviética e também à Rússia.
Sendo bem realista, a pretensão ucraniana era mesmo excessiva. Em 1962, Cuba pretendia instalar uma base de mísseis em seu território, com apoio da União Soviética, criando um evento que ficou conhecido como a "Crise dos Mísseis".
O mundo esteve à beira de uma guerra nuclear. O primeiro-ministro soviético na ocasião, Nikita Kruchev, conseguiu colocar panos quentes e arrefecer os agitados ânimos do ainda jovem Fidel Castro. De um certo modo, Zelensky, o ex-ator que se tornou presidente da Ucrânia, tentou fazer o que Fidel havia tentado.
A guerra em questão fará, no dia 24 de fevereiro próximo, “aniversário” de três anos de existência. O seu fim parece de fato estar próximo. Ambas as nações estão extenuadas e os recursos, sempre finitos, minguam a cada dia. A situação da Ucrânia, contudo, é bem mais delicada e isso porque depende totalmente de ajuda externa, especialmente de armas e recursos bélicos. Os EUA já avisaram que não vão mais ajudar e a Europa não tem como, sozinha, prestar essa ajuda.
E parece óbvio que um acordo estabelecido entre Rússia e EUA não tem como ser benéfico à Ucrânia, ausente das negociações. Vladimir Putin, que sempre se refere à Rússia como um Império, vê a Ucrânia como parte desse império. E se ele está negociando um armistício, parece claro que a Ucrânia perderá ao menos parte do seu território.
Se os ucranianos foram pretensiosos ao quererem uma base da OTAN em seu território, essa culpa deve ser compartilhada com o ocidente, especialmente EUA, que incentivaram amplamente a iniciativa.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG