Raimundinha e o riso que resiste: homenagem mantém vivo o legado de Paulo Diógenes

O humor cearense carrega em sua trajetória personagens que ultrapassam gerações. Entre elas, Raimundinha ocupa um lugar especial na memória afetiva do público. Recriada pelo jornalista e doutorando em comunicação Gustavo Freitas, a personagem de Paulo Diógenes, conquistou palcos, telas e corações, tornando-se um dos maiores ícones da cultura popular do Ceará. Um ano após a partida precoce de seu criador, um ensaio fotográfico resgata essa figura emblemática, reforçando sua importância e mantendo viva sua memória.

A homenagem foi idealizada pelo jornalista que há dez anos publicou Fortaleza de Todas, um livro-reportagem sobre a trajetória do movimento LGBT na capital cearense. O trabalho, originalmente um TCC orientado pela professora Ana Márcia Diógenes – prima de Paulo Diógenes –, nasceu a partir de um resgate histórico e da construção de uma narrativa que abordava marcos, legislação, personalidades, conquistas e desafios da luta LGBT na cidade.

No livro, Paulo Diógenes foi um dos seis perfis retratados, com foco na sua atuação política como vereador de Fortaleza e no seu papel à frente de projetos como o casamento coletivo LGBT, além de sua trajetória no humor. “Obviamente que a gente não tinha como falar dele apenas como vereador, apenas como uma pessoa que estava numa casa legislativa falando sobre essa temática. Ele também tinha uma longa história no humor”, relembra Gustavo.

O projeto Fortaleza de Todas também destacou figuras como Silvero Pereira, que desenvolvia espetáculos teatrais voltados para a temática trans, Lena Oxa, uma personalidade midiática da noite cearense, além de Alan Luz, Joca Carvalho e Lei Monteiro, todos atuantes em diferentes frentes do movimento.
O ensaio fotográfico, inicialmente pensado para celebrar os dez anos do livro, acabou ganhando um novo significado ao coincidir com o primeiro aniversário da morte de Paulo Diógenes. “Foi tudo uma grande coincidência. Estar em Fortaleza exatamente nesse período transformou esse momento em algo muito bonito e sensível, ajudando a manter essa memória viva”, reflete Gustavo.

Humor que atravessa o tempo
Além do riso, Raimundinha abriu caminhos e inspirou uma nova geração de artistas, especialmente no humor e na arte transformista. O próprio Paulo Diógenes reconhecia a importância da personagem para além do entretenimento, sendo uma voz irreverente que dialogava com o público sobre temas sociais e culturais do Ceará.

A homenagem reafirma o legado do artista e sua contribuição para a identidade cearense, garantindo que Raimundinha continue presente na memória coletiva.

Por Priscila Sampaio

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