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Thomas Kienzle
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, insistiu, neste sábado (15), que decisões não devem ser tomadas sobre o fim do conflito com a Rússia sem contar com Kiev e seus aliados da União Europeia, depois que os Estados Unidos iniciaram diálogos diretos com Moscou.
“Não podem ser tomadas decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, como não podem ser tomadas decisões sobre a Europa sem a Europa. A Europa tem que ter um assento na mesa” das conversações, disse Zelensky na Conferência de Segurança de Munique.
“Se somos excluídos das negociações relativas ao nosso próprio futuro, todos perdemos”, reforçou.
A reunião em Munique ocorre em um momento crítico para a Ucrânia, que teme ser deixada de lado, assim como a União Europeia (UE), depois que o presidente americano, Donald Trump, conversou por telefone na quarta-feira com seu contraparte russo, Vladimir Putin, sobre a forma de pôr fim ao conflito.
O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, que está em Munique, reuniu-se na sexta-feira com Zelensky e disse desejar uma paz “duradoura” na Ucrânia.
Em um discurso neste sábado, Zelensky pediu à Europa para agir “por seu bem” e a ter “suas próprias forças armadas” para se defender da Rússia, enquanto se teme um compromisso militar menor de Washington no continente.
“A partir de agora, as coisas serão diferentes e a Europa tem que se adaptar a isso”, disse o presidente ucraniano.
“Eu acredito na Europa (…) e os incentivo a agirem por seu próprio bem”, enfatizou.
“Os Estados Unidos não oferecerão garantias [de segurança] a menos que as próprias garantias da Europa sejam sólidas”, afirmou.
Ele também exortou a UE a ter “uma política externa unificada”, para que “o fim da guerra [na Ucrânia] seja nosso primeiro êxito comum”.
Zelensky voltou a acusar a Rússia de ter atacado com um drone, na sexta-feira, a usina nuclear de Chernobyl, um ato que, segundo ele, demonstra que a Rússia “não quer a paz”.
Vance disse que seu país está disposto a pressionar a Rússia para que ponha fim ao conflito iniciado com a invasão da Ucrânia, há quase três anos, e assegurou aos europeus que “logicamente” eles farão parte das negociações.
No entanto, ele também lembrou que as potências europeias terão que assumir maiores responsabilidades na Otan para dividir o peso da defesa do continente.
Trump pressiona os países europeus membros da Otan a elevarem seus gastos com a Defesa até 5% de seus respectivos PIBs, uma meta que se anuncia longínqua e difícil de alcançar para a maioria deles.