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O peixe diabo negro,visto em Tenerife, na Espanha, na semana passada,morreu e foi levado para um museu para ser estudado.
As pesquisas sobre essa espécie ainda são uma barreira enfrentada pelos cientistas, mesmo após mais de 150 anos desde a primeira vez em que o diabo negro foi descrito. O apelido se deve à sua aparência assustadora, e também pelo fato de ser um predador dos mares.
Fêmea
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O peixe flagrado em mares espanhóis é uma fêmea, segundo Marcelo Melo, do Instituto Oceanográfico da USP. Segundo ele explicou ao iG, a diferenciação entre machos e fêmeas ocorre pelo tamanho.
“Os machos dessa espécie são muito menores do que as fêmeas (machos 2,9 cm, fêmeas com até 18 cm). O indivíduo do vídeo é uma fêmea”, relata.
A ONG que publicou o avistamento inédito informou no dia que o animal foi filmado nadando na posição vertical, a aproximadamente dois quilômetros da costa, em uma posição rara, já que geralmente eles ficam em grandes profundidades. “Foram imagens espetaculares e inusitadas do animal”, afirmou a entidade na época da divulgação do feito.
Como o iG mostrou na semana passada, o diabo negro tem um mecanismo para atrair presas que foi retratado no filme “Procurando Nemo”.
A presença do peixe em águas rasas chamou a atenção de especialistas, e eles indicam fatores como doença, deslocamento de correntes marítimas ou fuga de predadores como possíveis explicações.
Depois de descoberta na Ilha da Madeira, no Atlântico Norte, em 1864, a espécie foi identificada em outras regiões do planeta. “Desde então, já foi registrada em outras partes do Oceano Atlântico, Índico e Pacífico. Portanto, possui uma ampla distribuição”, afirma.
Ele também disse ao iG que a manutenção da espécie em cativeiro não seria viável. “Espécies de mar profundo não se adaptam ao confinamento”, declara.
Dificuldades para estudar e camuflagem
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O que fez o avistamento da semana passada ser tão único é também a explicação sobre a dificuldade de estudo do diabo negro.
“O principal desafio é que essa espécie ocorre em grandes profundidades de até 4.500 metros, mais frequentemente entre 100 e 1.500 metros. Então, para estudar é preciso ter equipamentos especiais e navios oceanográficos. Esse tipo de estudo é bastante caro”, explica.
O especialista afirma que não há dados sobre a longevidade do peixe. A respeito da sua interação com outras espécies, destacou que “são predadores, se alimentam de peixes e camarões. Provavelmente, também são predados por peixes maiores, como os atuns”.
Em relação à exposição do peixe à luz do dia, Marcelo detalha que a espécie normalmente vive em regiões sem incidência solar. “A coloração preta serve como camuflagem nesses ambientes”, relata. O sistema sensorial do diabo negro inclui uma estrutura bioluminescente utilizada para atrair presas.
Aparição tem a ver com as mudanças climáticas?
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Não, na opinião do especialista da USP. Ele ressaltou que o registro pode contribuir para pesquisas sobre o comportamento de espécies de águas profundas.
“Caso o exemplar tenha sido destinado para uma instituição de pesquisa, seria possível fazer pesquisas genéticas para estudos sobre a diversidade e evolução do grupo”, conclui.