O dólar à vista fechou esta quinta-feira (13) em leve alta de 0,10%, cotado a R$ 5,77, contrariando a tendência global de enfraquecimento da moeda americana.
Enquanto o dólar perdeu força frente a divisas como os pesos mexicano e chileno, o real sofreu impacto da citação ao etanol brasileiro no memorando do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas recíprocas.
No documento, Trump destaca que o Brasil aplica uma tarifa de importação de 18% sobre o etanol americano, enquanto os Estados Unidos cobram 2,5% sobre o etanol brasileiro.
O Brasil exporta pouco mais de US$ 200 milhões do biocombustível para os EUA, mas a disparidade nas tarifas gerou receio no mercado de novas medidas protecionistas.
Dólar testa resistência e desacelera alta
Com a repercussão da notícia, o dólar chegou a testar o nível de R$ 5,80, atingindo a máxima de R$ 5,7994. No entanto, após o aprofundamento da queda dos Treasuries — títulos da dívida americana — e da desvalorização global do dólar, a moeda desacelerou o ritmo de alta no Brasil.
Mesmo com a valorização no dia, o dólar acumula queda de 0,43% na semana e de 1,16% em fevereiro. No acumulado do ano, a divisa recua 6,66% frente ao real, que tem uma das melhores performances globais, ficando atrás apenas do rublo russo.
Estratégia de Trump e reação do mercado
Apesar do desconforto inicial, analistas avaliam que o memorando de Trump foi menos agressivo do que o esperado, pois direciona as tarifas para produtos específicos e prevê aplicação apenas a partir de 1º de abril.
A interpretação predominante no mercado é que Trump usará a ameaça tarifária como ferramenta de negociação. Um exemplo disso foi a suspensão temporária de tarifas ao México e Canadá, após compromissos desses países com controle de fronteiras e combate ao tráfico de fentanil.
Dólar enfraquece no exterior
Enquanto o real enfrentava pressão interna, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes — recuava para pouco menos de 107,3 pontos no final da tarde, acumulando queda superior a 0,70% na semana.
Mesmo com esse enfraquecimento global, a divulgação de dados econômicos nos EUA sinaliza menor espaço para cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Após uma inflação ao consumidor mais forte do que o esperado, os números da inflação ao produtor também surpreenderam para cima. Além disso, os pedidos semanais de auxílio-desemprego caíram, indicando um mercado de trabalho aquecido.
Perspectivas para o real e a taxa de juros
Em entrevista ao Estadão Broadcast, Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, afirmou que, apesar do tropeço do real, a taxa de juros elevada no Brasil continua atraindo capital externo.
“Com juro alto e a bolsa brasileira barata, devemos seguir recebendo fluxo de curto prazo. O dólar deve oscilar entre R$ 5,70 e R$ 5,90”, analisa.
Por outro lado, ele alerta que a moeda pode sofrer pressão adicional caso surjam dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais do governo.
Em evento nesta quinta-feira, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, argumentou que a desvalorização do real em 2024 não reflete os fundamentos da economia brasileira.
Ele citou a safra agrícola robusta e o aumento na produção de petróleo como fatores que podem contribuir para uma valorização do real ao longo do ano.
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