O período de crise que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff mostrou que muitos investidores perderam oportunidades de entrar na Bolsa por esperarem um estopim que impulsionaria a alta dos ativos.
Segundo a análise de Adair Naspolini, sócio da Wiser | BTG Pactual, os investidores brasileiros que aguardam um evento político, como as eleições de 2026, para investir em renda variável tendem a perder uma parte significativa da valorização dos ativos, conforme indicam dados históricos e recentes.
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Ao observar o comportamento do Ibovespa, do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e do índice de fundos imobiliários na Bolsa, o IFIX, Naspolini apontou que, no recorte entre agosto de 2014 e janeiro de 2016, eles caíram 38%, 18% e 6%, respectivamente, conforme o gráfico abaixo:
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“Foi um ano e meio de quedas durante o governo Dilma, logo após um período da Bolsa estável. Na época, muitos investidores venderam ativos e falavam que nunca mais voltariam a aplicar em renda variável”, disse ele.
Impeachment de Dilma gerou perdas para investidores que esperaram
O analista mostra que apesar da crença de que o impeachment da ex-presidente em 31 de agosto de 2016 foi o ponto de partida para a valorização dos ativos, isto não aconteceu.
“Quando observamos os dados para os índices comparando os números desde a mínima do ano em 22 de janeiro de 2016 até a data do impeachment, percebemos que o Ibovespa disparou 52%, o IFIX subiu 33% e o CDI avançou 8%. Ou seja, o investidor que esperou um estopim para começar a comprar, perdeu boa parte da rentabilidade da bolsa no período”, explicou.
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A semelhança entre o período do governo Dilma e o momento atual está nos juros altos. Na época, a taxa Selic estava no mesmo patamar de hoje, em 14,25%.
Naspolini destaca que, apesar de os investidores estarem avessos à renda variável e os juros estarem nas alturas, as situações são diferentes. “Vejo muitos investidores depositarem sua confiança nas eleições de 2026 com a esperança pela entrada de um governo de centro ou de direita, mas e se isso não acontecer?”, afirma.
Paralelo do governo Dilma com o cenário político argentino
O mesmo cenário de espera por mudanças no ambiente político ocorreu na Argentina. Em meio a uma forte crise, com inflação de quase 300% e juros acima de 100%, o índice Merval (principal da Bolsa de Valores argentina) subiu mais de 60% em dólar entre 2020 e 2023, antes da eleição do novo presidente Javier Milei. Ou seja, quem esperou pela troca também perdeu boa parte da valorização.
Nos últimos 10 anos quem lucrou na Bolsa?
Desde aquela época até fevereiro de 2025, os investidores que tiveram melhor desempenho na Bolsa foram aqueles que estavam contra a “manada”. Portanto, quem apostou na renda variável em um momento de incertezas, ganhou e continua ganhando dinheiro mesmo em um período de quedas.
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Na comparação, Naspolini também analisou o fundo HGLG11, para diversificar a sua reflexão, sem se basear apenas em índices compostos por diversos ativos, como o Ibovespa e o IFIX. No gráfico abaixo, o sócio da Wiser apontou que aqueles que fizeram um excelente stock picking (escolha de ativos), conseguiu uma rentabilidade superior à dos índices tradicionais.
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Esperar 2026 é um risco ou uma oportunidade?
Quem aposta na eleição presidencial de 2026 como um possível gatilho para a recuperação do mercado pode sofrer um revés, caso o cenário político não mude conforme esperado.
Naspolini avalia que é importante analisar a solidez das empresas e considerar investimentos de longo prazo. Segundo ele, fazer perguntas como “Qual a chance do Itaú quebrar?” ou “A Engie, maior empresa privada de energia do Brasil, pode desaparecer?” ajudam a refletir sobre a resiliência de certos ativos no mercado.
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