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Há um jogo cuja origem não se sabe bem ao certo qual é, mas imagina-se seja brasileiro: o truco. Sua estrutura é muito baseada no blefe, situação em que o jogador tenta passar a ideia de ter uma carta que não tem ou, então, disfarça não ter uma carta que efetivamente tem.
O que Donald Trump, está fazendo neste início de mandato, é “truco”, é blefe, ou ele tem uma carta boa na mão, capaz de levá-lo a uma vitória?
Por certo, as ações do presidente norte-americano carregam boa dose de encenação. De fato, no contexto político, mostrar força pode ser tão importante quanto usá-la efetivamente.
A questão das tarifas envolvendo Canadá e México mostra bem isso. Trump anunciou um aumento de tarifas e logo na sequência recuou ante a possibilidade de um diálogo entre as partes.
O Brasil também foi envolvido neste contexto tarifário, com taxação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiros exportados aos EUA. Como seria de se esperar, o governo brasileiro ainda procura o tom adequado para a sua manifestação. Lula falou em “cautela e reciprocidade”, contudo, os setores industriais envolvidos falam em diálogo, alegando que o baque é grande, capaz de gerar alta ociosidade, desemprego e até fechamento de fábricas.
Trump segue em sua heterodoxa conduta também no campo político, ameaçando tomar Gaza e transformá-la numa “Riviera do Oriente Médio”. Apesar da proposta ter apoio da extrema direita israelense, é uma iniciativa extremamente polêmica que já conta com a oposição unânime do povo árabe.
Mais uma vez, o presidente norte-americano parece estar criando o chamado “factóide”, gerando movimento para forçar novos posicionamentos dos envolvidos. Pode funcionar. Pode não dar em nada. E as chances do plano trumpista sobre Gaza se materializar? São bem pequenas.
É preciso considerar, ainda mais, o ambiente interno norte-americano. Essa guerra tarifária pode acabar gerando inflação, recessão e desemprego nos EUA.
Por outro lado, para combater a eventual alta da inflação, poderemos assistir a um aumento dos juros oficiais, o que tem a tendência de atrair investimentos estrangeiros e valorização do dólar em ambiente internacional.
Tudo isso está sendo considerado por Trump?
Provavelmente sim, o que reforça a ideia de blefe. No entanto, há um alto grau de imprevisibilidade neste quadro todo também. O futuro é incerto assim como arriscado. Aguardemos.