Trump diz que Ucrânia pode ser russa um dia e cobra US$ 500 bi de Kiev

Após passar a campanha de 2024 afirmando que acabaria com a Guerra da Ucrânia em 24 horas, Donald Trump disse que um acordo entre Moscou e Kiev pode ou não acontecer e que o país invadido há quase três anos “pode ser russo um dia”. “Eles [os ucranianos] podem fazer um acordo, eles podem não fazer um acordo. Eles podem ser russos um dia, eles podem não ser russos um dia”, disse, em entrevista na segunda-feira (10) à rede conservadora Fox News.

Com isso, Trump volta a fazer jogo duplo, após o pêndulo dele ter se deslocado para a órbita ucraniana de argumentação pelo fim da guerra nas últimas semanas. A percepção disso fez o governo de Vladimir Putin refrear a ideia de que um acordo está próximo.
Com efeito, os EUA sentiram o golpe e enviaram nessa terça-feira (11) a embaixadora do país na Rússia, Lynne Tracy, para uma primeira conversa oficial na chancelaria russa. Oficialmente, ela foi recebida pelo vice-chanceler Seguei Riabkov para falar de operações nas embaixadas russas no exterior.
O assunto, dizem observadores da política russa, é outro. Houve até o boato de que o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steven Witkoff, estaria presente na conversa, o que não foi confirmado. Segundo o jornal israelense Haaretz, ele esteve lá para discutir a soltura de um refém judeu russo do Hamas.

Já o indicado para lidar com a guerra, general da reserva Keith Kellogg, segue com agenda mais ucraniana. Na sexta-feira (14), ele e o vice-presidente J.D. Vance deverão se encontrar com Volodimir Zelenski na Conferência de Segurança de Munique, evento anual central na geopolítica. Nele, a expectativa é a de que Kellogg indique quais ideias para a paz na Ucrânia estão na mesa de Trump.
Até agora, como os russos dizem abertamente, nada foi apresentado. O enviado irá à Ucrânia na semana que vem, sem haver uma data para uma visita a Moscou. Na entrevista, o republicano também colocou em US$ 500 bilhões (R$ 2,9 trilhões) o pagamento em terras-raras que ele quer que a Ucrânia faça por toda a ajuda militar já recebida e a receber no futuro dos EUA. Os minerais são estratégicos para o setor de alta tecnologia, e hoje a rival americana China detém os maiores depósitos mundiais.
“Nós vamos ter todo esse dinheiro lá, e eu digo que quero ele de volta. E eu disse a eles que quero o equivalente a US$ 500 bilhões em terras-raras. E eles essencialmente concordaram em fazer isso. Então, ao menos nós não nos sentimos estúpidos”, disse.

De fato, Zelenski disse estar disposto a um acordo, mas os recursos dele são limitados. Dos depósitos importantes de terras-raras, ele só controla os da região de Dnipropetrovsk. O restante está no leste, amplamente dominado pelos russos.
Ainda assim, Trump anunciou que na semana que vem o secretário do Tesouro, Scott Bessent, irá a Kiev para discutir o assunto. O valor citado por Trump é muito acima do que os EUA já comprometeram no esforço de guerra contra os russos.

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