(Brasília-DF)
Em janeiro de 1.886 foi lançado o livrinho “O Estranho caso de Dr. Jykell e Mister Hyde” (O Médico e o Monstro) de 160 páginas, a novela gótica foi vista na época como obra simbólica, mais adiante como um terror psicológico e hoje como uma ficção científica.
Trata-se, para quem não conhece, de uma obra do escocês Robert Louis Stevenson que fala de um respeitado médico escocês, dr. Jykell, na chamada Era Vitoriana, o auge do poder imperial britânico, que fez um experimento para – arrogante , mas figurando como boa ação – entender as questões humanas profundas. Ele acaba criando uma poção, uma droga, que faz explodir o lado mais sombrio, amoral e insidioso do gênero humano. Ele faz o auto teste e acaba se transformando no Mr. Hyde, que ele mesmo define.
Ele se diverte com o prazer, inclusive o de causar dor e morte. O livrinho é imperdível, um clássico até hoje.
Na sexta-feira,7, o deputado Hugo Motta(Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, em sua Paraíba, disse na rádio Arapuan, de João Pessoa, que os atos de 8 de janeiro de 2023 foram atentatórios às instituições, mas não foram uma tentativa de golpe, disse que as penas foram muito rigorosas, sinalizou mudar a Lei da Ficha Limpa, afirmando que uma inelegibilidade de 8 anos é demasiada.
No dia de sua posse, no 1º de fevereiro, após eleito ele citou 29 vezes a palavra democracia, citou 15 vezes o nome Ulysses Guimarães, disse que tinha “nojo da ditadura” e levantou um exemplar da constituição de 1.988 como se fosse uma Copa do Mundo, finalizou falando “nós ainda estamos aqui”.
Na sexta-feira, passada ele parecia um Mr. Hyde para alguns, para outros ele parecia um Dr. Jykel. No sábado 1º, também, ele pareceu um Dr. Jykell e um Mister Hyde para outros.
Vivemos nesses meados de século 21 uma verdadeira novela, não tem nada a ver com um romance. Vivemos um tempo de terror, se não bastasse a pandemia do Covid-19 em que a ciência entrou em cheque enquanto vivíamos uma revolução. Um tempo de ficção científica. também. Se estivesse entre nós, Stevenson, estaria se divertindo e escrevendo sobre mais monstros e gente arrogante, cheia de boas intenções.
Os políticos do Nordeste são famosos por criarem dois personagens. Um da província e outro da Capital Federal. O deputado Arthur Lira nunca usou dessa artimanha em seu mandato. O que vimos foi um coronel de esporas e chibata se transformar num coronel da plutocracia, que passou a querer ser aceito na Faria Lima, especialmente com a aprovação da Reforma Tributária.
O jovem Hugo Motta chega para abalar, sendo um pouco Hyde e um pouco Jykell. Ele sabe das limitações, sabe que não pode tudo. Ao que parece ele vai usar, testando quando for conveniente, as armas que tem à disposição.
Ele sabe que o momento ruim do Governo lhe permite dar espaço para Oposição. As medidas só serão conhecidas com o tempo. Ele parece saber que as medidas lhe serão apresentadas, sabe que não poderá ficar reféns delas, que ele deve e precisa moldá-las.
É prematuro, demais, dizer quem é o verdadeiro Hugo Motta, o Dr. Jykell ou o Mr. Hyde!
GENÉSIO ARAÚJO JÚNIOR
JORNALISTA
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