Tesoureiro do PT assassinado no Paraná: entenda como será o julgamento do ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado do crime


Júri está marcado para esta terça (11), em Curitiba, dois anos e meio após o crime. Marcelo Arruda foi morto a tiros por Jorge Guaranho na própria festa de aniversário, que tinha temática do PT. Relembre caso de ex-policial penal que matou tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu
Está programado para esta terça-feira (11) o júri popular de Jorge Guaranho, ex-policial penal réu por homicídio duplamente qualificado pelo assassinato de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
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O crime aconteceu em 9 julho de 2022, em Foz do Iguaçu, durante a comemoração de 50 anos de idade de Arruda, com temática de Lula e do PT. Segundo a investigação, Guaranho invadiu a festa e disparou contra Arruda, que revidou. O tesoureiro morreu na madrugada do dia 10.
O confronto foi filmado por câmera de segurança. Relembre acima.
O petista Marcelo Arruda (esq.) foi morto por Jorge Guaranho (dir.), apoiador de Bolsonaro
Reprodução
O júri popular de Guaranho ocorrerá em Curitiba após a Justiça atender ao pedido de desaforamento feito pela defesa de Guaranho, que alegou que a realização do julgamento em Foz possibilitaria o risco de parcialidade dos jurados. O julgamento ocorrerá após três adiamentos.
Guaranho está em prisão domiciliar na capital desde setembro do ano passado. Antes disso, ele estava preso no Complexo Médico de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, para onde foi levado um mês após o crime, quando recebeu alta hospitalar.
A seguir o g1 explica como será o júri popular, de acordo com a Justiça, e relembra como foi crime, que teve repercussão nacional.
Como funciona a escolha dos jurados?
Qual será a ordem dos depoimentos?
Como é feita a decisão das condenações ou absolvições?
Detalhamento: quem é Guaranho?
Quem conduzirá o julgamento?
Ponto a ponto: relembre como foi o crime
1. Como funciona a escolha dos jurados?
Tribunal do Juri, em Curitiba
Arquivo g1
O júri está previsto para começar às 10h, no Tribunal do Júri de Curitiba, com a escolha dos jurados. Eles serão selecionados por meio de um sorteio. De 25 pessoas convocadas, mais 55 suplentes, sete serão selecionadas para o Conselho de Sentença.
O serviço de júri é obrigatório no Brasil, mas os sorteados podem alegar impedimento.
O Código de Processo Penal prevê que cada parte envolvida, defesa e promotoria, pode dispensar até três jurados sorteados sem qualquer justificativa. Se os primeiros sorteados não cumprirem os requisitos de participação no júri, é feito sorteio de suplentes.
Os membros sorteados ficam incomunicáveis após o sorteio e, se a Justiça achar necessário, pode determinar que eles fiquem isolados no fórum. Depois de selecionados, eles fazem um juramento prometendo analisar de forma imparcial e decidir sobre o caso. Em seguida começa a sessão do júri.
A Justiça afirma que o júri de Jorge Guaranho pode se estender até a quinta-feira (13).
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2. Qual será a ordem dos depoimentos?
Ex-policial penal Jorge Guaranho
Reprodução
Conforme a Justiça, serão ouvidas cinco testemunhas indicadas pela acusação e, na sequência, as cinco indicadas pela defesa.
Testemunhas de Guaranho:
Daniele Lima dos Santos, vigilante que estava próxima ao local do crime e que falou em depoimento à Polícia Civil ter ouvido ex-policial penal gritar “aqui é Bolsonaro” pouco antes dele atirar em Arruda;
Alexandre José dos Santos;
Francielle Sales da Silva, esposa de Jorge Guaranho que esteve com ele na primeira ida ao local onde acontecia a festa de Arruda e afirmou que o marido gritou “Bolsonaro mito!”;
Marcelo Adriano Ferreira;
Márcio Jacob Muller Murback, amigo de Guaranho que tinha acesso às imagens das câmeras de segurança da associação onde ocorria a festa de Arruda e que afirmou à polícia ter sido através do celular dele que Guaranho soube da festa de Arruda, mas “permaneceu normal”.
A defesa de Guaranho também quer que sejam ouvidos três peritos que elaboraram os laudos do caso.
Testemunhas da acusação:
Pâmela Suellen Silva, esposa de Marcelo Arruda e que tentou evitar disparos de Guaranho contra o marido dizendo ao atirador que é policial civil;
Leonardo Miranda Arruda, filho mais velho de Marcelo Arruda que estava na festa do pai e presenciou discussão dele com Guaranho;
Daniele Lima dos Santos, a mesma vigilante arrolada pela defesa de Guaranho;
Edemir Alexandre Riquelme Gonsalves, amigo de Marcelo Arruda;
Wolfgang Vaz Neitzel, amigo de Marcelo Arruda que participou da festa e viu discussão que terminou com o assassinato.
O réu, Jorge Guaranho, será o último a ser ouvido.
3. Como é feita a decisão das condenações ou absolvições?
Entenda como será julgamento de ex-policial penal réu pelo assassinato de tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu
Marcos Landim/RPC – Arte: Ivan Rasera
Após os debates, o júri popular vai para a fase chamada de quesitação, quando os jurados são questionados se condenam ou absolvem os réus.
Antes de decidirem, os jurados também podem fazer perguntas às testemunhas por intermédio do juiz. O júri deve tomar a decisão com base no que ouviu ao longo do julgamento.
Em cédulas entregues a cada um, os jurados também respondem com “sim” ou “não” sobre a materialidade, autoria e qualificadoras das acusações pelas quais os réus respondem. As respostas são sigilosas e individuais.
Os votos são contados. Ao chegar em quatro votos iguais, o juiz encerra a contagem e o veredito é anunciado.
O juiz, então, acompanha a decisão da maioria e faz a dosimetria da pena, ou seja, determina qual a pena cabível, de acordo com as circunstâncias admitidas pelo Conselho de Sentença.
4. Detalhamento: quem é Guaranho?
Jorge Guaranho, à época do crime, era policial penal no Presídio de Segurança Máxima de Catanduvas.
Nas redes sociais, ele se identificava como apoiador do hoje ex-presidente, Jair Bolsonaro. Ele também dizia ser cristão e conservador.
Imagem do perfil de Jorge Guaranho no Twitter
Reprodução/Twitter
Em 22 de julho, 12 dias após o crime, Guaranho se tornou réu por homicídio duplamente qualificado após a Justiça aceitar e denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello acolheu a avaliação do MP de que Guaranho agiu por motivo fútil decorrente de “preferências político-partidárias antagônicas” e que o policial colocou a vida de mais pessoas em risco ao efetuar os disparos no salão de festas.
Em março de 2024, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu Guaranho após um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), instaurado à época do crime.
5. Quem conduzirá o julgamento?
A juíza que presidirá o júri popular de Jorge Guaranho é Mychelle Pacheco Cintra Stadler, magistrada da Vara Privativa do Tribunal do Júri do Foro Central de Curitiba.
6. Ponto a ponto: relembre como foi o crime
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Conforme as investigações, Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e os dois discutiram. Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local, armado, e disparou contra Arruda, que revidou usando a arma que carregava por ser guarda municipal.
Arruda foi socorrido, mas morreu na madrugada de 10 de julho de 2022. Ele deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.
Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde ficou preso até setembro 2024. Atualmente, Guaranho cumpre prisão domiciliar.
O infográfico abaixo mostra a ordem dos acontecimentos do crime, segundo a Polícia Civil:
Entenda ordem dos acontecimentos no dia do assassinato do petista baleado em festa de aniversário, segundo a polícia
Arte/g1
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