Dizem que acertamos enquanto pais ou mães quando nossos filhos aprendem a voar, a seguir seus próprios caminhos baseados em suas escolhas, até nos tornarmos desnecessários. A desnecessidade aqui é no sentido do grau de autonomia do indivíduo, porque, é claro, sempre estamos a precisar do outro, do próximo, até como forma de exercermos um pouco de nossa humanidade.
Ao ver um vídeo de alguns robôs (humanoides robóticos), com movimentos semelhantes aos humanos, desempenhando funções de humanos, a exemplo dos serviços de garçons e barmans, em uma festa, fiquei a refletir sobre a necessidade de algumas profissões e atividades e, via de consequência, de alguns humanos. Foi estranho ver aquela cena, parecendo saída do filme Eu, Robô, protagonizada por Will Smith.
No filme, com estreia em 2004, os robôs são programados para desenvolver atividades próprias dos humanos, mas não podem cometer quaisquer violência contra estes. Quando um cientista é morto e a principal suspeita recai sobre um robô, a Will Smith caberá desvendar o mistério. O ano em que o filme acontecia era 2035. Estamos em 2024!
Ficção à parte, voltemos ao mundo real, de algo que não é mais futuro, mas o presente. Os humanoides robôs da Tesla, noutro vídeo, podem ser vistos fazendo todos os serviços de uma casa: tirar as compras do carro e guardar, aguar as plantas, limpar a casa, brincar de jogos com as crianças e servir comida ou bebida aos seus patrões. Talvez, com o passar do tempo, tais máquinas sejam tão acessíveis ao bolso do consumidor quanto um microondas ou uma geladeira. Talvez, o uso dessas máquinas seja mais econômico que contratar um funcionário celetista, sem que haja o perigo de faltarem por motivo de doença ou coisas do tipo. Talvez, o uso de robôs seja melhor que fazer concurso público para o provimento de cargos nas instituições públicas.
Não tenho a menor ideia de como o robô substituirá o ser humano, mas, em maior ou menor medida, isso acontecerá. Será mera questão de tempo.
Voltando ao vídeo dos robôs que substituíam todas as pessoas de uma festa. O delírio das pessoas que assistiam ao espetáculo dos humanoides, encantados com tamanho progresso, não perceberam que, muito em breve, elas serão trocadas por estes a quem tanto ovacionavam.
Pobres de nós, meros mortais. Diante dos humanoides robôs, logo nos tornaremos desnecessários. Será, então, quando perderemos por completo o que restou de nossa humanidade, já tão combalida.
GRECIANNY CORDEIRO
PROMOTORA
DE JUSTIÇA
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