O número de consumidores inadimplentes no Ceará apresentou uma queda de 8,2% em julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023. Os dados, divulgados pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), nessa terça-feira (27/08), e mostram que o estado registrou o terceiro mês consecutivo de recuo no número de consumidores negativados, em contraste com a tendência nacional, que apontou um crescimento de 0,4% na inadimplência.
Essa desaceleração na inadimplência marca uma recuperação importante em relação ao cenário observado ao longo de 2023, quando o número de inadimplentes cresceu a taxas alarmantes, alcançando um pico de 19,2% em agosto daquele ano. A melhora das condições financeiras dos consumidores cearenses sugere um cenário mais favorável para o comércio local, que tem se beneficiado da maior capacidade dos consumidores de acessar crédito.
De acordo com o levantamento, 7,9% dos consumidores inadimplentes têm dívidas registradas há menos de 90 dias, enquanto uma fatia significativa, 41,6%, está com dívidas vencidas há mais de um ano e menos de três anos. Essa distribuição indica que, apesar da redução geral, ainda há uma parcela considerável da população que enfrenta dificuldades prolongadas para regularizar suas pendências.
Em relação ao número de dívidas, a pesquisa também revelou uma queda de 3,4% em julho de 2024, comparado a julho do ano anterior. O setor bancário concentra a maior parte das dívidas (60,9%), seguido pelos segmentos de água e luz (15,8%) e comércio (8,8%). Essa queda no endividamento contribui para a continuidade da recuperação do comércio cearense, ao facilitar o acesso ao crédito para os consumidores.
Outro dado positivo destacado pelo levantamento foi o avanço de 16,2% no Indicador de Recuperação de Crédito nos 12 meses encerrados em julho deste ano. Mais da metade dos consumidores que recuperaram o crédito (55,4%) o fizeram em até 90 dias, evidenciando um cenário de recuperação financeira em curso.Apesar desses sinais positivos, o levantamento apontou uma queda de 9,0% nas consultas a CPFs no acumulado dos últimos 12 meses. Essa redução, que vem ocorrendo após um período de crescimento expressivo, reflete uma diminuição na demanda por crédito ou maior cautela dos consumidores na busca por novas dívidas.
O Radar do Varejo Cearense, publicação mensal da FCDL-CE que reúne os principais dados econômicos do estado, destacou esses resultados como um sinal de que dias melhores estão se aproximando para o comércio cearense. Freitas Cordeiro, presidente da FCDL-CE, afirmou que o cenário de queda na inadimplência e recuperação de crédito prenuncia um período de retomada para o setor varejista local.
Na avaliação do economista Wandemberg Almeida, se presencia no Ceará uma melhora na dinâmica do mercado traz resultado positivo. “Se olharmos resultados macroeconômicos do país, vemos economia avançando, contratação de pessoas acontecendo, e isso contribui de forma positiva para a economia do país, o que reflete no Ceará. Vemos as pessoas conseguindo pagar suas dívidas, a taxa de desemprego reduzindo, com recuo desse indicador. Então, com mais renda, às pessoas tendo mais recursos, são fatores que contribuem positivamente, com dinheiro circulando, o que propicia à população a quitação de dívidas. A economia está girando e tudo isso fortalece o mercado e a economia, com a população mais consciente com relação à saída da inadimplência”, disse. Ainda segundo ele, há, no entanto, risco da Selic seguir alta. Isso pode ser ruim para o final do ano. Se o acesso ao crédito reduzir ou ficar mais cara, pode ser fator negativo, e acabar atrapalhando a boa evolução que estamos tendo. É preciso aguardar como o mercado se comporta, de modo a que não traga desequilíbrio das famílias e da população”, destacou.
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