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Capital do Amazonas possui apenas 23,90% de cobertura verde, segundo dados do IBGE. Conheça o que a população e autoridades estão fazendo para reverter esses índices. Em algumas escolas, a conscientização ambiental começa ainda na educação infantil.
Divulgação
Uma cidade no coração da Floresta Amazônica, mas considerada uma das capitais menos arborizadas do Brasil. Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, Manaus possuía apenas 23,90% de cobertura verde em vias públicas e áreas residenciais. Os novos dados atualizados pelo instituto devem ser divulgados em abril deste ano.
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De acordo com o supervisor estadual da disseminação de informações do IBGE, Luan da Silva Rezende, as informações vêm da pesquisa urbanística do entorno dos domicílios, realizada duas semanas antes do censo demográfico.
“Diferente do censo, ela é observacional e conduzida por supervisores e agentes censitários, que percorrem ruas e quadras para registrar características das vias diretamente no dispositivo de coleta. Apenas árvores em áreas públicas são contabilizadas, classificadas conforme a quantidade presente na via”, destacou.
A baixa cobertura vegetal impacta diretamente a saúde da população e contribui para o aumento das temperaturas. De acordo com um estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Manaus perdeu 29 km² de floresta nativa entre 2013 e 2023 devido à expansão urbana desordenada. Uma simulação do Google Earth evidencia esse crescimento e como a cidade se transformou em uma ilha de calor.
O pesquisador do LabClim da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e meteorologista, Leonardo Vergasta, explica esse fenômeno:
“A ilha de calor é um fenômeno climático caracterizado pela alteração de temperatura entre a área urbana e a rural. No caso de Manaus, nos últimos anos, tem-se observado a expansão da cidade, resultando na retirada da vegetação. Com isso, materiais como concreto e asfalto acabam absorvendo grande quantidade de radiação solar, o que gera temperaturas mais elevadas nos grandes centros urbanos”, destacou o especialista.
Recordes de temperatura preocupam especialistas
Sol e calor em Manaus
Rede Amazônica
Nos últimos 32 anos, o recorde de temperatura máxima registrado em Manaus foi de 39,2°C, em 2 de outubro de 2023, conforme medição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em 2024, a capital e o estado enfrentaram a maior estiagem da história, com temperaturas chegando próximas dos 39°C.
Especialistas alertam que, sem mudanças efetivas, essa tendência pode se agravar. O ambientalista Leonan Valente destaca a importância de ações governamentais e comunitárias:
“Esperamos das autoridades a atualização do plano de arborização de Manaus, garantindo áreas verdes em todos os bairros para reduzir a sensação térmica e revitalizar espaços degradados. Também é essencial fortalecer a conservação das áreas verdes e conter a urbanização desordenada. Da sociedade, esperamos o plantio de árvores nativas da Amazônia em quintais e jardins, contribuindo para a preservação ambiental”, destacou o ambientalista.
Iniciativas para um futuro mais verde
Para tentar reverter o cenário, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente criou o Programa de Arborização e Conservação Florestal (Manaus Verde). Entre 2021 e 2024, foram plantadas 23.026 mudas na capital e doadas 261.339 mudas à população. A meta para 2025 definida pela prefeitura de Manaus é plantar 15 mil mudas.
Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Fransuá Matos, máquinas para otimizar o plantio das mudas estão sendo trazidas para a capital. Em avenidas movimentadas de Manaus, como Constantino Nery e Max Texeira, máquinas de corte de solo e britadeiras já abriram berços em várias camadas de concreto e asfalto.
“Estamos utilizando justamente a mecanização e o melhor planejamento das áreas para agilizar o processo, tanto de abertura dos berços quanto do próprio plantio”, destacou Fransuá Matos, secretário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Programa de Arborização e Conservação Florestal (Manaus Verde).
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Setor industrial aposta na sustentabilidade
As iniciativas também estão sendo incorporadas ao Polo Industrial de Manaus (PIM). Empresas têm investido em programas ambientais, como plantio de árvores e conscientização ecológica para colaboradores e comunidades vizinhas. Com isso, surgem startups contratadas por multinacionais para realizar o reflorestamento, unindo tecnologia e sustentabilidade.
“Realizamos o reflorestamento na Amazônia e utilizamos a tecnologia a nosso favor, através do monitoramento via satélite e blockchain. A empresa conecta pessoas e empresas multinacionais para plantar árvores, proteger biomas e compensar emissões de carbono. Além de envolver comunidades locais no plantio, promove educação ambiental e busca melhorar a vida dos amazônidas, incentivando a preservação da floresta”, destacou CEO da Tree Earth, Vicente Tino.
Educação ambiental desde a infância
A mudança também passa pela educação. Em algumas escolas, a conscientização ambiental começa ainda na educação infantil, ensinando crianças a preservar a natureza e compreender o impacto de suas ações no planeta.
“É sempre uma alegria poder participar de projetos como esse, projetos que ensinam aos nossos alunos a importância do nosso meio ambiente, do bom uso dos nossos recursos. E é sempre bom ver a alegria dos alunos em participar desses projetos, onde podemos inseri-los numa sociedade que se preocupa com o meio ambiente e que busca resultados sustentáveis”, destacou Eduardo Pavese, gestor da Escola Estadual Profª Eliana de Freitas Morais.
Com investimentos em arborização, conscientização ambiental e educação, Manaus busca reverter as estatísticas negativas e construir um futuro mais verde. Pequenas ações podem gerar grandes transformações, garantindo a preservação da natureza para as próximas gerações.
Conscientização ambiental em escola de Manaus.
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