Nos últimos anos, a presença de montadoras chinesas no Brasil tem crescido exponencialmente, com marcas como BYD e GWM conquistando espaço no mercado automotivo nacional. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) tem levantado preocupações sobre essa “invasão de carros chineses”, argumentando que a prática de precificação dessas empresas pode comprometer a concorrência justa no setor.
Acusações de dumping: uma estratégia de mercado?
A Anfavea alega que a BYD e a GWM estão vendendo seus veículos no Brasil a preços significativamente abaixo do custo de produção, configurando uma possível prática de dumping. O conceito de dumping refere-se à venda de produtos em um mercado estrangeiro a preços menores do que os praticados em seu país de origem, o que pode prejudicar os fabricantes locais e alterar as dinâmicas do setor.
No entanto, levantamentos indicam que os preços dos carros da BYD e da GWM no Brasil não são tão baixos quanto se poderia imaginar. Um BYD Song Plus, por exemplo, custa na China entre 112.800 e 142.800 yuans (cerca de R$ 91.400 a R$ 115.700 na conversão direta). No Brasil, o mesmo modelo é vendido por valores que variam de R$ 244.800 a R$ 299.800. O mesmo ocorre com o GWM Haval H6, que na China tem preços entre 117.900 e 121.900 yuans, enquanto no Brasil varia de R$ 219.000 a R$ 324.000. Esses valores sugerem que as alegacões de dumping podem precisar de mais fundamentação.
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A reação das montadoras chinesas
Tanto a BYD quanto a GWM negam as acusações de concorrência desleal e reforçam seu compromisso com a qualidade e sustentabilidade. A BYD, por exemplo, aposta fortemente na eletrificação da frota e na inovação tecnológica, enquanto a GWM investe na produção local, preparando-se para fabricar seus veículos diretamente no Brasil. Ambas argumentam que seguem todas as normas internacionais e locais de concorrência leal.
O papel de outras montadoras e possíveis sobretaxas
A pressão contra a “invasão de carros chineses” no Brasil não parte apenas da Anfavea. Fabricantes tradicionais, como a Stellantis (responsável por marcas como Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot), também estão atentas ao crescimento das montadoras chinesas e suas possíveis implicações para o mercado.
Recentemente, a União Europeia adotou investigações de dumping contra veículos chineses, resultando na imposição de sobretaxas. Especialistas acreditavam que essas tarifas seriam extremamente elevadas, mas ao final do processo, as taxas aplicadas foram relativamente moderadas e variáveis de acordo com cada marca. Agora, a Anfavea busca implementar medidas similares no Brasil, pressionando o governo a avaliar a concorrência e possivelmente aumentar os impostos sobre veículos chineses importados.
As sobretaxas frearão a invasão de carros chineses?
Caso tarifas adicionais sejam aplicadas aos veículos chineses, isso pode afetar os preços praticados no Brasil e reduzir a competitividade dessas marcas. No entanto, a experiência europeia sugere que essas medidas podem não ser suficientes para barrar a expansão das montadoras chinesas.
A GWM, por exemplo, já está em processo avançado para iniciar sua produção local, o que reduziria sua dependência da importação e mitigaria os impactos de eventuais tarifas. Além disso, as marcas chinesas têm investido na ampliação de sua rede de concessionárias e na oferta de serviços diferenciados, consolidando sua presença no mercado brasileiro independentemente das barreiras tarifárias.
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O futuro da competição automotiva no Brasil
O aumento da presença das montadoras chinesas no Brasil marca uma nova era no setor automotivo nacional. Enquanto a Anfavea e as montadoras tradicionais buscam formas de conter a “invasão de carros chineses”, os consumidores veem nas marcas da China uma oportunidade de acesso a veículos mais modernos e acessíveis.
A discussão sobre concorrência desleal, dumping e tarifas continuará a ser um tema quente no setor automotivo brasileiro. Entretanto, independentemente das decisões regulatórias, a BYD e a GWM demonstram que têm estratégias sólidas para se consolidar no mercado. Assim, tudo indica que a “invasão de carros chineses” no Brasil está apenas começando e deve continuar crescendo nos próximos anos.
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