“Tarifaço” de Trump pode promover mineração brasileira, diz Raul Jungmann

Desde que Donald Trump assumiu a presidência, os “tarifaços” impostos pelos Estados Unidos estão movimentando o mercado financeiro. Mas, segundo Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e ex-ministro, os novos impostos contra a China podem beneficiar a mineração brasileira.

A expectativa é que a escalada da briga comercial redirecione as compras de minerais ao Brasil, aumentando as exportações tanto para a China, que representa 70% das exportações do setor, como para os EUA, uma vez que 15 dos 51 minerais considerados críticos por eles são produzidos terras brasileiras.

Os minerais críticos são aqueles que tem pouca oferta em relação à grande demanda. São eles: lítio, grafite, níquel, cobre, cobalto e elementos de terras raras, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Mas a lista pode variar com a necessidade de cada país.

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“A China recebeu o ‘tarifaço’ e respondeu. Com isso, acho que há uma tendência de redirecionamento não só dos chineses, que já estão conosco, mas existe a possibilidade de que a pauta se amplie para o lado de lá [EUA]”, explicou Jungmann em entrevista coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (6).

Apesar da perspectiva positiva, Paulo Henrique Soares, diretor de Comunicação do Ibram, lembra que os EUA e Brasil não têm comércio bilateral importante em mineração. Então, um aumento nas exportações para a maior economia do mundo não deve ser tão significativo em volume total.

Dependência da mineração brasileira

Um dos assuntos mais comentados durante a coletiva foi a necessidade de diversificação das exportações para acabar com a super dependência que a mineração brasileira tem da China. “Hoje, se eles tiverem um resfriado, nós teremos pneumonia”, brincou o presidente do Ibram.

De acordo com ele, além de uma recente aproximação do Oriente Médio, os países da Europa também precisam de minerais críticos para transição energética, inovação, tecnologia e defesa, que são encontrados na América Latina.

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Jungmann reclama de falta de incentivos do governo

Jungmann, que já foi ministro da Defesa e do Desenvolvimento — em momentos diferentes —, enfatizou que o Brasil pode ser uma potência no segmento de minerais críticos, mas a ausência de políticas específicas para o setor é o “calcanhar de Aquiles” do país.

O reflexo disso está na Bolsa brasileira, que conta com apenas quatro empresas do setor de mineração, enquanto no Canadá existem 42 listadas.

Ele também citou que o setor financeiro vem demonstrando interesse em desenvolver projetos no Brasil, mas a alta da taxa básica de juros, a Selic, inviabiliza financiamentos para projetos de longo prazo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também mostrou interesse em apoiar novos investimentos.

De 2025 até 2029, a previsão de investimentos na mineração brasileira é de US$ 68,4 bilhões (R$ 396,7 bilhões), uma alta de 6,6% em relação às estimativas do último período.

No ano passado, o instituto apresentou uma proposta no Congresso Nacional para incentivos no setor. Este ano, a ideia é atualizá-la e reapresentá-la em junho.

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Relação entre Brasil e EUA

A atual demanda dos EUA sobre os minerais críticos no Brasil continuará a mesma na administração de Donald Trump. “Antes, com Biden, eles eram utilizados para a transição energética. Com Trump, serão direcionadas para o setor de inovação, tecnologia e, principalmente, defesa”, explicou Raul.

Luta contra o Imposto Seletivo

Por fim, Jungmann afirmou que a mineração vai “reagir com todas as forças” contra o veto que impossibilitou a desoneração completa (retirada de impostos) das exportações de bens minerais do Imposto Seletivo.

O presidente do Ibram disse que o veto “é um erro, além de ser inconstitucional” e que caso não consigam a retirada por meio de votação, o instituto vai judicializar.

Resultados da mineração brasileira em 2024

Em 2024, a mineração brasileira registrou um faturamento de R$ 270,8 bilhões entre janeiro e novembro de 2024, um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo período de 2023, quando a receita foi de R$ 248,2 bilhões.

No total, o setor gerou 8.703 novos empregos diretos, elevando o total de trabalhadores para mais de 221 mil.

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O Brasil exportou cerca de 400 milhões de toneladas de produtos minerais, um aumento de 2,6% em relação ao ano anterior. O valor dessas exportações atingiu US$ 43,4 bilhões, um crescimento de 0,9%. Deste montante, o minério de ferro representou 68,7% do total exportado.

Por outro lado, as importações de minerais registraram queda de 23,1% em valor (totalizando US$ 8,5 bilhões) e de 1,6% em volume, somando 41,2 milhões de toneladas.

O saldo da balança comercial do setor mineral foi de US$ 34,9 bilhões, representando 47% do superávit comercial do Brasil, que totalizou US$ 74,5 bilhões.

A arrecadação de impostos e tributos do setor mineral cresceu cerca de 9% no ano, totalizando R$ 93,4 bilhões. O pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), um tributo cobrado sobre a extração mineral, somou R$ 7,5 bilhões.

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