Secretário afirmou que decisão de punir Sport e Santa Cruz se dá por segurança da população geral e criticou “conivência” dos clubes com facções
Foi realizada, nesta segunda-feira (3), uma coletiva de imprensa na Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) para prestar esclarecimentos sobre os confrontos de facções organizadas no sábado (1), antes do clássico entre Santa Cruz e Sport. Além do saldo da operação, o órgão do Governo do Estado subiu o tom de cobrança aos clubes.
O secretário responsável pela pasta, Alessandro Carvalho, afirmou que a decisão de ter portões fechados para os próximos cinco jogos de Santa Cruz e Sport se dá para priorizar a segurança geral do Recife e cidades vizinhas.
“Temos o direito de 30 mil pessoas de ir para o estádio, e mais de 3 milhões de habitantes da Região Metropolitana do Recife (RMR) de ter segurança. Uma decisão tem que ser tomada. Quem tem um direito maior: 30 mil de ir para o estádio ou 3 milhões para ter segurança?!”, iniciou.
“Quando se suspende a presença de público a cinco jogos, vem a celeuma de que o torcedor está sendo prejudicado por causa de mil, 2 mil que criam a briga. A prioridade é de mais de 3 milhões de pessoas. Precisamos de engajamento”, continuou o secretário.
Mas ele justificou também que, para esse quadro ser revertido, é preciso que os clubes ajam de maneira imediata e cortem vínculos com essas facções. Alessandro Carvalho também afirmou que há dirigente de clubes financiando esses grupos organizados de diferentes maneiras, mantendo contato direto com eles.
Foto: Klisman Gama/NE45
“Tem diretor de clube que financia, dá passagem de ônibus, ingresso para entrar, confraterniza com pessoas que foram presas. Não é só pensar na parte financeira do futebol. Eles tem que participar junto com a FPF na situação para agir”, apontou.
“Entendo que a organizada é uma facção montada para arregimentar para entrar num confronto contra outro grupo. Quem compra camisa dela que tem esse histórico, de violência e confronto, seja com outra facção ou torcedor normal com a camisa do outro clube, pode ser vítima. A gente trabalha com a lei, com o que ela permite. Estamos construindo soluções. Tivemos uma reunião de emergência, teremos uma outra com clubes e federação, e teremos medidas negociadas ou imposta”, arrematou.
Dentro das medidas impostas pelo Estado aos clubes, estão: implementar ingresso digital, pessoal e intransferível, com cadastro de reconhecimento facial no ato da compra (com foto do rosto), além da biometria facial nas catracas em todos os acessos para os estádios nos jogos, como algo essencial para que se libere a presença de público.
Vale ressaltar que, obviamente, Santa Cruz e Sport tentarão reverter essa decisão. O Leão, inclusive, já entrou com uma medida de segurança para ter público contra o Fortaleza, na terça-feira (4), pela Copa do Nordeste, em duelo na Ilha do Retiro. Mas também tentará fazer com que essa punição de cinco jogos seja revertida ou diminuída, tal qual o Tricolor.
Foto: Reprodução
O saldo da violência entre uniformizadas de Santa Cruz e Sport
A delegada-geral adjunta da Polícia Civil de Pernambuco, Beatriz Leite, detalhou decisões tomadas sobre o fim de semana, com 32 detidos no sábado e 13 presos. Desses presos, três tinham dado entrada no Hospital da Restauração e, atualmente, só um continua internado.
“Foram 10 pessoas encaminhadas ontem ao presídio. Eles passaram por audiência de custódia e tiveram prisão preventiva decretada. Os três hospitalizados também serão levados ao presídio. Ao todo, foram 32 detidos, 13 presos (contando com os hospitalizados) e os outros liberados, entre eles alguns menores de idade”, disse
De acordo como que foi passado pela SDS, houve uma emboscada de um grupo da facção ligada ao Rubro-negro, que não estava sob escolta, ao grupo escoltado da facção ligada ao Tricolor. Com isso, o confronto aconteceu e foi dispersado pela Polícia Militar em poucos minutos. Ao todo, quatro viaturas foram avariadas neste conflito.
Foto: Klisman Gama/NE45
O setor de inteligência da Polícia Civil vinha monitorando as redes sociais desses grupos para identificar possíveis pontos de encontro entre eles. Entre mudanças de rotas até a realizada no dia, a PM acompanhou a chegada de veículos que levavam membros de ambas as uniformizadas e apreendeu porretes de madeira, canos de ferro, rojões e bombas caseiras que seriam utilizadas em um confronto.
Entretanto, outros artefatos ainda passaram e foram utilizados nas cenas de violência extrema vistas pelo Recife e Região Metropolitana ao longo do sábado. Há, inclusive, um dos presos que possui 15 processos contra si na Justiça, como de tráfico de drogas, associação criminosa, violência doméstica, entre outro crimes.
Análise: Induzido ao erro ou não, Governo de Pernambuco combate alvo errado no futebol
