Em entrevista coletiva nesta segunda (3), Alessandro Carvalho negou baixo efetivo ou falha das forças de segurança em coibir conflitos que deixaram 13 feridos antes do clássico entre Santa Cruz e Sport, no sábado. Secretário de Defesa Social nega falha de segurança em confronto entre torcidas organizadas no Recife
O secretário estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho, negou que tenha havido baixo efetivo de policiais ou falha das forças de segurança no último sábado (1º), quando integrantes de torcidas organizadas do Sport e do Santa Cruz protagonizaram cenas de violência extrema, transformando ruas do Recife em cenário de guerra.
Os atos de vandalismo deixaram, ao menos, 13 feridos. Também 13 pessoas tiveram prisão preventiva decretada. Segundo a SDS, 12 passaram por audiência de custódia e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, sendo encaminhados para o Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel). Um deles segue internado, sob custódia, no Hospital da Restauração.
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Segundo o gestor, o relatório da Polícia Civil que avisou sobre a possibilidade de conflitos antes do jogo era “algo genérico”. Ele também defendeu uma maior participação dos clubes de futebol nas ações de segurança dos estádios.
“O relatório é uma análise de risco que tem em todo grande evento e em todo jogo de futebol. E também estava na pauta do dia, que dizia: ‘pode haver um confronto, os ânimos estão acirrados e o confronto pode ocorrer em seis terminais integrados, em qualquer cidade da Região Metropolitana, em bairros 1, 2, 3, 4, 5, 6’. Ou seja, era algo genérico”, declarou Alessandro Carvalho, em entrevista coletiva nesta segunda (3).
Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), houve confrontos em diversos pontos do Grande Recife. O maior deles foi no bairro da Torre, na Zona Oeste da capital, onde as 13 pessoas feridas que foram levadas ao hospital estavam.
De acordo com o secretário, o confronto foi causado por uma emboscada de alguns integrantes da torcida do Sport, que atacaram os torcedores do Santa enquanto a torcida rival era escoltada, pegando os policiais de surpresa.
“A emboscada foi feita com a torcida do Sport em menor número. E foi quem teve mais feridos. Mas feridos [houve] só entre as torcidas organizadas, mas podia ser qualquer um de nós passando”, afirmou Carvalho.
O secretário disse, ainda, que cerca de 680 policiais estavam escalados para fazer a segurança durante o jogo e que, em geral, dispõe de 1.000 a 1.200 agentes para toda a Região Metropolitana.
“Tivemos que parar tudo, todo o policiamento geral, do comércio, de ruas, para atender essa demanda”, disse.
O secretário também cobrou dos clubes mais iniciativa na segurança dentro dos estádios e disse que a proibição de público nos próximos cinco jogos tem o objetivo de pressionar os dirigentes dos times.
“Há um discurso fácil […] dos clubes dizerem: ‘dentro do estádio não tem problema, o problema é na rua. É problema de segurança pública. E eu pergunto: quem faz a segurança dentro dos estádios? É a Polícia Militar, os bombeiros. […] Não tem segurança privada nem para organizar uma fila”, afirmou Alessandro Carvalho.
De acordo com a secretária executiva de Defesa Social, Dominique de Castro Oliveira, a maioria dos presos respondem por outros crimes. Um deles foi preso por envolvimento no ataque ao ônibus do Fortaleza, que deixou jogadores do time cearense feridos em fevereiro do ano passado.
“Das pessoas que foram presas […], tem uma pessoa presa que responde a 15 processos criminais, que vão desde dano qualificado, violência doméstica, mas também tráfico de drogas, homicídio qualificado. […] Por associação criminosa, a gente tem, pelo menos, outros dois”, afirmou a secretária executiva.
Emboscada
Correria e briga de torcedores são registradas antes de jogo entre Santa Cruz e Sport
De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Ivanildo Torres, o confronto no bairro da Torre aconteceu enquanto a torcida do Santa era escoltada no caminho para o Arruda, estádio do Santa Cruz, onde a partida foi realizada (veja vídeo acima).
“Seguimos pela Rua José Osório, depois pela Dom Manuel da Costa e, no cruzamento da Rua Dom Manuel da Costa com a Padre Anchieta, a grande parte da torcida do Santa Cruz já havia passado. Foi quando, na contramão da Rua Real da Torre, uma parte da torcida [do Sport], de forma premeditada e que não foi detectada por nós, veio ao encontro da torcida do Santa Cruz”, contou o coronel.
Segundo o comandante da PM, os policiais conseguiram conter a confusão em menos de um minuto.
“É fato que pessoas foram feridas no conflito, mas estavam como autoras [das agressões] e foram vítimas. Ali foi um conflito. E rapidamente nossas equipes, utilizando instrumentos de menor potencial ofensivo, granadas, também foram atacadas com três tiros, rojões”, informou o coronel Ivanildo Torres.
Ainda de acordo com a SDS, quatro viaturas da PM foram danificadas por vândalos, que utilizaram pedras e barras durante o conflito.
“Graças aos nossos policiais que atuaram naquele momento, nós não tivemos uma tragédia, um incidente muito maior, com muito mais vítimas e ferimentos mortais”, afirmou o coronel.
Secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, em entrevista coletiva para falar sobre ações para coibir confrontos entre torcidas do Santa Cruz e do Sport no Recife
Artur Ferraz/g1
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