Sexta-feira passada, dia 16 de agosto, voltando a Fortaleza, em face de compromisso funcional em Brasília, já no aeroporto, também esperava a partida a sua terra natal um grande intelectual.
No primeiro momento, para não incomodar e, também, por timidez, resolvi não o abordar, no que, então, perdi-o de vista, inclusive se considerando o mundo de gente que se encontrava no local.
Após aquela primeira ocasião, veio-me um enorme arrependimento, haja vista que, pela correria da vida, seria bem possível não o mais reencontrar, desperdiçando uma chance de ouro para uma eventual conversa, ainda que rápida, claro. Para minha surpresa, minutos depois, avistei-o novamente e, então, não me restou dúvida. Uma segunda oportunidade e a receptividade foi a melhor possível. Um ser humano de fino trato, um intelectual na essência, em tudo se confirmando a compostura que eu já conhecia, vista em entrevistas televisivas e em canais de internet.
Interessante é que, antes, captei a sua tranquilidade, brandura, calmaria, no andar, no local, sem que tivesse presenciado, até onde vi, qualquer abordagem. Fosse ali uma celebridade futebolística ou algo que o valha, o burburinho teria sido enorme. Sim, óbvio, os midiáticos também têm valor, por aquilo que executam, em suas áreas. Mas é que, para mim, o intelectual é diferente. E dele, ali, percebi que emanava, silenciosamente, cultura, erudição, sapiência, sabedoria, proficiência. É deles e delas, os e as intelectuais, que podem sair grandes ideias, que mudam o mundo, muitas vezes, e que tornam a vivência mais pacífica e justa.
Autor de mais de 50 livros, poesias em italiano, conhecedor da obra de Machado de Assis, preocupado com o estudo da linguagem e defensor dos direitos humanos, em “Rudimentos da língua laputar: proposta patafísica” desenvolve um resgate de uma suposta língua existente, praticada pelos míticos habitantes da Ilha de Laputa. Afirma o próprio escritor que se trata “de uma língua perdida, que procurei, como paciente e desesperado arqueólogo trazer de volta a nossos dias, a medida de minhas forças, apesar dos inúmeros entraves criados pela mistificação do livro Gullive´s Travel.” O autor, no livro, apura regras gramaticais do laputar, com suas características fonéticas e bases morfológicas para uso vocabular, segundo pesquisa que fiz.
Refiro-me ao professor Marco Lucchesi, membro da Academia Brasileira de Letras [ABL], poeta, romancista, memorialista, ensaísta, tradutor, historiador e editor, atualmente presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
Marco Lucchesi é um grande intelectual brasileiro.
RODRIGO CAVALCANTE
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E SECRETÁRIO DE AUDITORIA INTERNA NO TRT/7ª REGIÃO
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