Intenção de consumo cresce em janeiro; alta renda demonstra cautela

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou um leve avanço de 0,2% em janeiro, alcançando 104,9 pontos, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O crescimento foi impulsionado, sobretudo, pelo aumento da intenção de compra de bens duráveis, que obteve sua segunda alta consecutiva. No entanto, na comparação anual, o índice apresentou uma queda de 0,9% em relação a janeiro de 2024.

O comportamento do consumo reflete uma dinâmica distinta entre os diferentes grupos de renda. Enquanto as famílias que ganham até 10 salários mínimos elevaram seu consumo em 0,3%, as de renda mais alta demonstraram retração de 0,2%, indicando um cenário de maior prudência financeira entre os consumidores de maior poder aquisitivo.

Outro destaque da pesquisa foi a diferença de percepção entre os gêneros. As mulheres mostraram-se mais pessimistas em relação ao consumo, registrando uma queda de 1,4% na intenção de compra, contra uma retração menor entre os homens (-0,4%). A principal justificativa para esse movimento está na dificuldade de acesso ao crédito e nas incertezas quanto às perspectivas profissionais. “A diferença entre homens e mulheres pode estar relacionada a fatores estruturais do mercado de trabalho e ao papel que elas desempenham na economia doméstica. Historicamente, as mulheres enfrentam desafios adicionais, o que pode intensificar a cautela diante de um cenário econômico mais desafiador”, explica o economista da CNC, João Marcelo Costa.

Crédito
A pesquisa também destacou que o acesso ao crédito segue como um entrave ao consumo. A elevação das taxas de juros tem impactado diretamente a capacidade de endividamento das famílias e, consequentemente, suas decisões de compra.
Para contornar essa situação, o varejo tem apostado em estratégias comerciais agressivas, como prazos maiores de parcelamento e descontos para pagamentos à vista. “O acesso ao crédito continua sendo um ponto sensível. O aumento dos juros impacta o consumo, por causa da importância do crédito para o aquecimento do comércio”, destaca Costa.

Confiança
Apesar da leve queda no indicador de Emprego Atual (-0,3%), este continua sendo o subindicador mais bem avaliado do ICF, com 126,3 pontos. Isso sugere que, mesmo com a desaceleração na geração de empregos formais, os consumidores ainda mantêm uma visão relativamente positiva sobre a estabilidade do mercado de trabalho.
No entanto, a análise por gênero mostra uma diferença considerável entre homens e mulheres no que diz respeito às perspectivas profissionais. Enquanto os homens registraram uma redução de 2% na sua perspectiva de crescimento profissional, entre as mulheres, a queda foi mais acentuada (-4,1%). Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, os resultados reafirmam o papel estratégico do consumo na economia nacional. “Os desafios existem, mas o potencial de crescimento do comércio de bens e serviços é inegável e precisa ser fomentado”, destaca.

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