“Têm que ser tratadas como inimigas da nação”

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, apresentou dados de investimento na Segurança Pública durante um café da manhã com jornalistas ontem (30) no Palácio da Abolição.
De acordo com o governo, já são 6.730 novos agentes, 750 viaturas entregues, bases do CPRaio, novas delegacias e equipamentos. Além disso, o programa de reconhecimento facial está em desenvolvimento.
O governo também lembrou as ações de reestruturação e integração da segurança como novos batalhões, fortalecimento da inteligência e a criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado.

Questionado sobre as ações estratégicas de inteligência que podem fazer diferença no combate às facções, o governador respondeu que o governo está buscando todas as experiências possíveis, e que após a troca no comando da secretaria (o secretário Roberto Sá assumiu em junho) houve queda em alguns índices de violência e que outros se mantiveram estáveis. “Eu estou convencido de que precisa ter mais presença de policiais na rua, precisa ter mais intensidade de ação de polícia na rua”, afirmou o governador.
E afirmou ainda que nenhum estado sozinho pode combater as organizações criminosas, que essas organizações são inimigas do Estado brasileiro.

Municípios mais violentos
De acordo com Elmano, existem dez municípios que concentram mais de 60% dos índices de violência no estado. “Nós vamos sim fazer uma política maior de inteligência na polícia nesses dez municípios com maiores dados de violência no estado do Ceará”, disse o governador.
Entre os municípios com maior número de homicídios no ano passado, de acordo com dados da secretaria de Segurança, estão Fortaleza (834), Caucaia (249), Maracanaú (166), Sobral (121), Maranguape (85), Juazeiro do Norte (82), Itapipoca (76) e Itarema (59).
“Hoje no Ceará, as organizações têm maior atuação na Região Metropolitana e Região Interior Norte em municípios como Sobral, Acaraú, Itarema e Itapipoca. É onde nós vamos intensificar, com concurso para aumentar o efetivo nessa área”, afirmou.

Criação de seccionais
O governador afirmou que serão criadas 20 seccionais da polícia civil em todo o estado. Cada seccional terá um delegado com um grupo próprio de inteligência e um grupo de ação operacional. Essas seccionais vão coordenar a região e as delegacias na área.
“Entendemos que isso é uma aposta importante, além da inteligência que já vai ter na região, nós estamos com 730 (agentes de inteligência) espalhados, vamos ter 20 regionais, seccionais, com um delegado para coordenar a região, nós estamos entendendo que vamos ter muito mais capacidade de combater as organizações criminosas”, prometeu Elmano.

Prevenção
O governador prometeu ações de prevenção voltadas para juventude dos municípios mais violentos. “Vamos iniciar agora um programa Virando o Jogo nessas áreas de maior vulnerabilidade social, vamos trazer a nossa juventude para essas políticas sociais, evitando que possam aumentar o contingente das organizações criminosas”.

Justiça
O governador afirmou que o combate ao crime tem que ser feito em três frentes: prevenção, aumento de policiamento e Justiça.
“O que temos como perspectiva? Primeiro aumentar a política de prevenção nessas áreas, segundo aumentar a ação policial nessas áreas também, e em terceiro nós estamos conversando com o Tribunal de Justiça para que a gente aumente a quantidade de Júris… As organizações, que atuam nessas áreas, tiram a vida das pessoas e ficam impunes”, afirmou.
“A Justiça no Ceará saltou de 200 juris ano para quase 700… o condenado por tirar a vida de alguém, ele não pode ser solto, ele tem que ficar preso. Hoje algo em torno de 85% a 90% dos homicídios no Ceará são praticados por alguém que integra uma organização criminosa”.
“É também uma forma de atacarmos as organizações criminosas, tirando das ruas aquelas pessoas que atacam as comunidades, que praticam temor nos bairros, que ameaçam os comerciantes…então essas pessoas têm que ser presas e continuar presa”.

Meta 10%
De acordo com o governo, as polícias militar e civil conduzem em média por dia 83 suspeitos para as delegacias para audiência de custódia.
“Mesmo assim ,com todo esse esforço nós não conseguimos reduzir o índice como gostaríamos. A nossa meta, o que nós estamos buscando para este ano é alcançar uma redução de 10% nos crimes”.
“Estamos desenhando um conjunto de metas, que ainda vamos anunciar, vamos organizar metas por região, por área, por força e vamos estimular ao máximo as tropas todo mundo para se engajar em busca dessas metas para a redução desses índices”, afirmou o governador.

Inimigos do estado
Elmano de Freitas diz que mesmo com todo esforço existem questões específicas de inteligência civil para desbaratar essas organizações, “um estado sozinho não tem condições de resolver, tem condição de atenuar e é o que nós vamos buscar fazer, reduzir o índice de violência”.

“Eu já disse ao presidente Lula, esse é uma tema que nós precisamos assumir como um tema de Estado, precisamos ter decisões muito duras no que diz respeito às organizações criminosas. Essa é a minha opinião política, o que está se fazendo no Brasil é um poder paralelo na vida das pessoas, no dia a dia das comunidades, você não tem apenas uma organização criminosa traficando, ela vai constituindo um poder paralelo nos bairros e se nós não tivermos uma visão de que nós temos que desmantelar, destruir essas organizações criminosas nós vamos ter problemas em todas as áreas, empresarial com empresas de fachada do tráfico, na política de candidatos financiados pelo tráfico, de campanhas limitadas pelo tráfico, então este é um problema do Estado brasileiro”.
“O que nós enfrentamos não é uma criminalidade que é apenas resultado de uma desigualdade social, é resultado de organizações internacionais que movimentam bilhões de dólares, para quem a vida de nossos jovens não vale nada, alicia jovem para matar jovem, para ter um ponto de venda de drogas, ou para traficar drogas no mercado internacional. Então essas pessoas têm que ser tratadas como inimigas da nação, do país, não podemos tratar como alguém que por dificuldade social entrou no crime, não é disso que se trata, se trata de organizações internacionais criminosas e assim devem ser tratadas e vencidas”.

Críticas oposição
Sobre as críticas de políticos opositores ao governo do estado na área da segurança, o governador afirmou que não vê os opositores apresentando propostas e que a questão da segurança vai continuar no centro do debate da política. “A oposição tem que dizer o que está errado e o que faria diferente. O tema é um desafio para todas as forças políticas do país, temos que ter humildade para buscar todas as experiências positivas no Brasil e fora, e temos que nos unir para enfrentar, unificar, esse tema exige da nossa parte grandeza”, afirmou.
(Por Gabriela de Palhano)

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