Roberta Miranda – 40 anos de história e o legado no sertanejo

Com 40 anos de estrada, Roberta Miranda se orgulha de sua contribuição para a música sertaneja, especialmente ao abrir portas para as mulheres no gênero. “Lutei por 25 anos para que mais vozes femininas fossem ouvidas no sertanejo, e ver o que está acontecendo hoje é um grande orgulho para mim”, diz. A artista se considera parte do legado das novas gerações de cantoras, como “sementinhas” que ela acompanha com carinho. Além disso, Roberta compartilha sua visão sobre a importância de suas parcerias e de seu trabalho atual. “Eu nunca paro, e 2025 será um ano de muitas surpresas para os meus fãs”, revela, com planos de shows e novidades ao retornar ao Brasil após uma temporada na Espanha. Em sua trajetória, a cantora sempre se manteve fiel ao seu estilo e à sua arte, ciente do impacto que causou no sertanejo e no cenário musical feminino.

O ESTADO | Você é considerada uma das maiores artistas da música brasileira. O que mais te orgulha ao olhar para sua trajetória?
ROBERTA MIRANDA | São 40 anos de estrada, marcados por inúmeros desafios e me orgulho muito da história que escrevi. Posso dizer com propriedade que consegui desbravar o sertanejo e quebrar barreiras em um cenário que sempre foi dominado por bota e chapéu. Durante 25 anos, levantei sozinha a bandeira feminina pedindo para que mais mulheres entrassem nesse mundo sertanejo e hoje, vejo com alegria todas essas meninas brilhando no meio, o que deixa muito feliz, pois elas são, de certa forma, o meu legado. Agora, sobre momentos importantes, não posso deixar de citar a gravação do meu próprio disco, em 1986. Naquela época, já estava estourada como compositora nas vozes de outros artistas e era meu sonho me lançar como intérprete. A gravadora me falou que eu precisava vender cinco mil cópias e, para nossa surpresa, foram mais de 1.750.000 cópias vendidas. Ver aquele carregamento com discos meus, com toda certeza, foi um dos momentos mais marcantes da minha vida.

O E. | Você abriu portas para muitas mulheres no sertanejo. Como você vê a evolução do gênero para as cantoras nos dias de hoje?
R. M. | Para mim, é uma verdadeira honra ver as mulheres conquistando cada vez mais espaço nesse segmento. Como disse, durante 25 anos lutei para que isso se tornasse realidade e isso a própria história conta. Quando comecei, não existia internet e eu ia para os programas de TV, rádio, revista e jornais pedir a presença feminina no sertanejo. Nós já tínhamos mulheres no pop e no samba, mas, faltava no mundo sertanejo. Hoje, sou grata a Deus por poder ter vida para ver esse sonho realizado. As cantoras das novas gerações são minhas ‘sementinhas’ e estou aqui para aplaudir todas elas.

O E. | Ao longo dos anos, você transitou por diferentes estilos e parcerias musicais. Como foi trabalhar com artistas de gerações e gêneros tão diversos?
R. M. | Não apenas na música, como também na minha vida, nunca gostei da mesmice e aprecio tudo o que é novo e original. Na música, fiz muitas parcerias com artistas de diferentes gerações e ritmos, indo do forró até o rap, mas, sem jamais perder a minha essencial que me deu o título de “rainha da música sertaneja”. Acredito que a arte nos permite essas misturas e que com essas parcerias, todos nós ganhamos, afinal, conseguimos alcançar outros públicos e trazer coisas bacanas para quem já nos acompanha. No meu mais novo trabalho, o DVD ‘Infinito”, trago como convidados dois jovens – a Luísa Sonsa, do pop, e o Gustavo Mioto. Recentemente, gravei com a Lauana Prado e com o Nattanzinho também e fico extremamente contente e honrada de receber o carinho e o respeito de todos eles.

O E. | Sobre o Livro “Um Lugar Todinho Meu”, o que te motivou a lançar essa biografia? Foi um processo mais desafiador ou prazeroso revisitar sua história?
R. M. | Na verdade, eu quase desisti de lançá-lo, porque essa biografia mexeu muito comigo. Tenho mais de 20 anos de análise e reviver alguns episódios nesse livro, me fez sofrer bastante. Foi um bem desafiador, porque ele traz diversos momentos que eu gostaria de esquecer… Diversos mesmo! Foi como se eu revivesse tudo novamente, por isso, eu quase desisti de fazer o livro, mas, como já era algo que estava em andamento, concluí. E agora, ele está aí, com uma história bonita, mas, lotada de sofrimento, porém, também marcada por muita garra e determinação!

O E. | O lançamento do livro pode inspirar futuros projetos, como filmes ou documentários sobre sua carreira? Qual seu maior desejo em 2025?
R. M. | Já houve um convite para um documentário, antes mesmo do lançamento do livro, mas, no momento, é algo que vou deixar em stand by. Nada impede de fazermos uma produção audiovisual, um filme…, mas, se me colocarem como protagonista, eu vou fugir! Acredito que o livro, que traz a história da Maria Miranda (meu nome de batismo) para chegar a ser Roberta, já está cumprindo o seu papel de inspirar outras pessoas, sobretudo as mulheres. Vejo tantas mulheres sendo desvalorizadas, lutando para mostrarem que têm potencial e me senti na obrigação de mostrar tudo o que passei para conquistar o meu espaço. Sobre desejos para 2025, posso adiantar para vocês que eu nunca paro! Acabei de chegar à Espanha para um período que será metade férias e metade trabalho, porque prezo minha arte acima de tudo. Volto para o Brasil no meio de fevereiro já fazendo shows e trazendo surpresas para os meus fãs, porque a minha prioridade é o meu público. Tudo o que faço é pensando neles! Então, o desejo da Roberta é esse, galera, continuar fazendo o melhor para vocês, sempre!

Por Felipe Palhano

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