O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (29/01) um novo aumento da taxa Selic, elevando-a de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa foi a primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e contou com decisão unânime entre os membros do colegiado.
O comunicado do Copom reforçou a necessidade de uma política monetária mais contracionista para conter as pressões inflacionárias. O comitê indicou que pretende realizar mais uma alta de um ponto percentual na reunião de março, mas evitou se comprometer com novos ajustes para maio, alegando a continuidade de um cenário adverso para a convergência da inflação.
A decisão do Banco Central veio alinhada com as expectativas do mercado financeiro. Segundo levantamento da Bloomberg, todos os 33 economistas consultados previam a elevação de um ponto percentual. O ciclo atual de alta começou em setembro de 2023 e já acumula uma elevação de 2,75 pontos percentuais.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Eldair Melo, explica que a decisão reflete um cenário de maior cautela diante da trajetória da inflação e do quadro fiscal do Brasil. “Com a tendência de alta do IPCA, o que reforça a necessidade de uma política monetária mais restritiva, com maior aperto monetário para conter a escalada de preços. O crescimento da dívida pública, combinado com a falta de medidas concretas para o controle fiscal, tem gerado desconfiança no mercado e pressionado a curva de juros futuros. O governo federal não sinalizou um compromisso efetivo com a redução dos gastos públicos, o que mantém a incerteza sobre a sustentabilidade das contas públicas e a trajetória da dívida. Esse cenário, aliado à pressão inflacionária, limita o espaço para reduções na taxa de juros e pode até exigir um ciclo mais prolongado de aperto monetário para ancorar as expectativas de inflação”.
Impacto
A inflação segue como principal preocupação do Copom. A projeção de inflação para 2024 foi revisada para cima, de 4,5% para 5,2%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central. O Boletim Focus, que reúne as expectativas do mercado, também aponta uma piora nas previsões para 2026 e 2028, indicando um cenário de inflação mais resistente do que o esperado.
Cenário internacional
No cenário externo, a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe volatilidade ao câmbio, afetando as decisões do mercado. O Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, mas enfrenta pressões políticas para reduzi-la. Enquanto isso, o Banco Central brasileiro precisou intervir no mercado de câmbio, realizando um leilão de US$ 2 bilhões para conter a oscilação do real.
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