A atriz Fernanda Torres definiu como “inimaginável” e “histórico” as indicações que o filme “Ainda Estou Aqui” recebeu no Oscar 2025. A artista concorre por melhor atuação e o longa de Walter Salles disputa melhor filme, a principal categoria da premiação, e melhor filme estrangeiro.
“Queridos, eu não tenho nem o que falar. Eu queria agradecer, claro, ao Walter, à generosidade que ele teve comigo nesse filme. Queria agradecer à equipe toda, à minha família do filme, meus filhos no filme”, afirmou a atriz em vídeo nas redes sociais.
Fernanda ressaltou a trajetória de Eunice Paiva em busca de justiça e se disse emocionada por estar no mesmo lugar ocupado pela mãe, Fernanda Montenegro, depois de 25 anos. “Isso significa para o cinema brasileiro, para a cultura brasileira, um filme falado em Português. Estou muito surpresa. Queria dizer que amo o Brasil, estou muito orgulhosa de uma história brasileira fazer sentido no mundo e nos trazer essa alegria. Um beijo imenso, Estou muito feliz, assustada e orgulhosa.”
O presidente Lula (PT) afirmou, nessa quinta-feira (23), que as indicações provam que “o brasileiro não desiste nunca”. O petista celebrou as três nomeações conquistadas pelo Brasil. “O bom do brasileiro é porque não desiste nunca. E nós acabamos de provar isso, mostrar que isso é verdade, porque nós acabamos de ser indicados ao Oscar”, declarou em vídeo nas redes sociais.
O presidente parabenizou a equipe responsável pelo filme que retrata a vida de Eunice Paiva. “Quero dar parabéns a toda equipe, ao [diretor do longa] Walter Salles e à Fernanda Torres porque, sinceramente, vocês orgulham o presidente da República”.
Ontem mais cedo, as páginas do Governo Federal nas redes sociais já haviam celebrado as indicações. O longa é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015, e narra a história da mãe do escritor.
Eunice enfrentou a violência do regime militar depois da prisão e do desaparecimento do marido, o deputado cassado Rubens Paiva, no início dos anos 1970. Fernanda Torres já venceu o Globo de Ouro deste ano, como melhor atriz, pela interpretação de Eunice.
O filme se tornou o primeiro longa-metragem brasileiro a disputar o Oscar de melhor filme, conforme anúncio realizado ontem. O Brasil já figurou na categoria no passado com coproduções como “O Beijo da Mulher-Aranha”, de 1986, dirigido pelo brasileiro Héctor Babenco, com a atriz Sônia Braga, mas falado majoritariamente em inglês, e ainda nos créditos de produção de “Me Chame pelo seu Nome”, em 2018, que teve como um de seus produtores o brasileiro Rodrigo Teixeira.
É também a primeira produção da América do Sul a figurar na categoria. Entre outros representantes da América Latina que já foram indicados estão “Roma”, “Babel” e “Triângulo da Tristeza”, que têm produção mexicana, assim como “Emilia Pérez”, considerada uma obra francesa.
A primeira vez que o Brasil apareceu na premiação da Academia foi como coprodutor do filme francês “Orfeu Negro”, que levou a estatueta de melhor filme estrangeiro em 1960. Mas o primeiro longa nacional a se destacar foi “O Pagador de Promessas”, que disputou a mesma estatueta em 1963, após ganhar a Palma de Ouro.
Na categoria, voltou a figurar somente em 1996, com a indicação de “O Quatrilho”, seguido de “O Que é Isso, Companheiro?”, em 1998, e “Central do Brasil”, em 1999. E passaram-se 26 anos para a indicação de “Ainda Estou Aqui”.
Outro sucesso, “Cidade de Deus”, de 2004, também concorreu a quatro estatuetas (melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia), mas sem a indicação a filme internacional. Já em 2016, “O Menino e o Mundo” de Alê Abreu levou o Brasil à categoria de melhor filme animado, enquanto, em 2020, “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, destacou o país na categoria de documentário.
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