Para José Faria Júnior, planejador financeiro CFP pela Planejar:

O mercado brasileiro encerrou o dia com alta dos juros, valorização do dólar e queda da Bolsa, revertendo o movimento positivo observado ontem.

No cenário externo, os dados econômicos dos Estados Unidos trouxeram surpresas positivas, com Jobless Claims, Índice da Indústria da Filadélfia e, principalmente, as vendas no varejo acima do esperado.

O destaque foi o Control Group, que exclui itens como automóveis, cigarros e materiais de construção e é um dos principais indicadores utilizados no cálculo do PIB.

A projeção do GDP Now, do Fed de Atlanta, subiu de 2,7% para 3% no quarto trimestre, refletindo esse resultado mais forte.

Apesar disso, declarações de Christopher Waller, dirigente do Federal Reserve, sugeriram que os juros podem ser cortados em um ritmo maior do que o mercado previa, o que ajudou a aliviar os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e pressionou o dólar.

No Brasil, os juros futuros fecharam em alta, mesmo após a divulgação do IBC-BR abaixo do esperado. O indicador de novembro acompanhou o desempenho negativo dos setores de serviços, varejo e indústria, confirmando a desaceleração apontada pelos PMIs da S&P.

Ainda assim, a elevação dos juros refletiu um leilão maior de títulos pré-fixados pelo Tesouro.

O mercado de ações foi impactado pela realização de lucros após a forte alta de ontem. O Ibovespa caiu aproximadamente 1,30%, enquanto o Índice Small Cap recuou 1,90%, pressionado principalmente pela alta dos juros longos, que afeta empresas menores.

Papéis de Petrobras e do setor financeiro lideraram as quedas. Petrobras recuou 0,97%, enquanto bancos como Itaú (-0,04%) e BTG (-0,02%) também operaram no vermelho. A queda do petróleo ao longo do dia contribuiu para o desempenho fraco da estatal.

No câmbio, o Dollar Index, que mede a força do dólar contra seis moedas do G10—incluindo euro, libra esterlina, franco suíço, coroa sueca, dólar canadense e iene—caiu. No entanto, o dólar se fortaleceu frente a moedas de países emergentes, como peso chileno, peso colombiano, peso mexicano e rand sul-africano.

No Brasil, a moeda americana testou o suporte psicológico de R$ 6,00, atraindo compras e fechando o dia a R$ 6,06, ainda acumulando queda no ano.

Os mercados seguem atentos à posse de Donald Trump na segunda-feira, um evento que pode trazer volatilidade.

Se o novo governo adotar um tom mais pragmático do que o esperado, ativos de risco podem se beneficiar, o que poderia pressionar o dólar para baixo no Brasil.

Por fim, hoje também ocorreu a sabatina de Scott Bessent no Senado americano para o cargo de secretário do Tesouro.

Sua postura não indicou um movimento agressivo na elevação de tarifas, apesar de endossar o aumento, como uma forma de compensação para a redução de impostos nos Estados Unidos.

Em resumo, o mercado brasileiro reverteu os ganhos da véspera, refletindo a alta dos juros, a queda do petróleo e um ajuste técnico após a forte valorização da Bolsa no dia anterior.

Adriano Santos

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